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Desorganização: Os artistas salvaram a minha experiência no Breve Festival

Fiquei muito feliz ao saber do Breve Festival. Tinha boas lembranças do evento quando fui em 2017, no Mirante Beagá. No ano seguinte, infelizmente, não consegui ir devido a um problema pessoal. Desde então, o festival era MUITO aguardado por mim. 

 

 

Um pouco antes da pandemia, lá em 2019 ou 2020 (não me lembro exatamente), tivemos a notícia do retorno do evento com um line-up incrível. Logo, fiquei ansioso para fazer a cobertura e compartilhar minha experiência, como sempre faço. Porém, como já sabemos, tudo precisou ser adiado, devido a covid19. 

 

 

Após dois anos, o Breve finalmente rolou no último sábado (09/04), mas, não do jeito que eu imaginava e, pelo visto, também não foi do jeito que grande parte do público esperava. Aquele line incrível foi o responsável por eu ainda ter boas lembranças do evento. 

 

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Uma experiência nada legal

 

 

Faço questão de compartilhar o que irei compartilhar a partir de agora, não para detonar a produção do evento, mas sim para cumprir o meu compromisso com o público do Culturaliza BH: Ser sincero e passar o que tem de legal rolando em nossa cidade. Além, claro, de deixar um feedback para os responsáveis pela produção de um dos mais importantes eventos do nosso estado. 

 

Enfim, minhas insatisfações começaram após receber a confirmação de credenciamento para o evento, ainda na quinta (07/04). Descobri que a imprensa não teria acesso a praticamente nada! 

 

Os acessos para imprensa, como backstage e frente do palco, são essenciais para uma boa cobertura, pois andamos com equipamentos e precisamos correr de um lado para o outro para conseguir fazer um trabalho completo. Isso não foi dado. Foi a primeira vez que isso me aconteceu em um evento desse formato na Esplanada do Mineirão. 

 

Fiquei desanimado. Nossa equipe estava planejando muitas coisas que não poderiam ser realizadas nessas condições. Mesmo assim, não deixei de ir ao evento. Cheguei lá e minha decepção foi ainda maior. Tínhamos acesso somente à pista. Mesmo com a chuva. Andar com equipamento em um evento cheio já era um problema que eu havia levantado e com a chuva essa situação só piorava.

 

 

Decidimos não fazer a cobertura

 

 

Me deparando com aquela situação desconfortável, tomei uma atitude que jamais havia tomado: cancelei a nossa cobertura e decidi, juntamente com outro integrante de nossa equipe, sair do evento para deixar os equipamentos (câmera, microfones, lentes, cabos e mochilas) em um local seguro para depois retornarmos ao evento e tentar, pelo menos, fazer uma cobertura pelo celular. 

 

Barrados até na saída!!!!!

 

Eram, mais ou menos, 15h30. O festival já rolava há, mais ou menos, três horas e, mesmo assim, não conseguimos sair. Fomos barrados em todas as portarias que tentamos. Lugares com placas de “saída” estavam fechados e os seguranças não sabiam nos informar. Não havia sinalização correta. Após muita procura e andanças pela Esplanada, conseguimos sair pelo mesmo lugar que entramos, depois de muita insistência. 

 

Ao sair, vimos uma fila enoooorme! Até os funcionários estavam surpresos com a quantidade de pessoas. 

 

Após, mais ou menos, uma hora, retornamos para assistir os próximos shows da tarde/noite. Comecei com o show da Duda Beat. Estava com muita vontade de assistí-la e de cantar as músicas de seu novo álbum. Como sempre, ela arrasou. Entregou tudo e muito mais e matou a saudade de todos nós. Durante sua apresentação, a cantora de “Bixinho” disse que estava correndo, pois tinha pouco tempo para se apresentar. 

 

Foto: Charles Douglas

 

Não foi somente a Duda que reclamou do tempo. Além de todos os outros cantores que assisti, vi diversas pessoas reclamando da demora para conseguir entrar, pela demora para conseguir usar os banheiros químicos… E também vi muita gente falando que a revista e conferência do comprovante de vacina foi semplesmente esquecida no churrasco… 

 

A próxima apresentação que tive a oportunidade de assistir foi a da Pitty. Seu show foi marcado por clássicos de sua carreira, além de uma participação maravilhosa de Jup do Bairro. O público foi à loucura. A presença de palco da cantora é sensacional e faz todo mundo querer gritar e pular. Eu mesmo saí desse show quase sem nenhuma voz. Saudades matadas mais uma vez.

 

Atire a primeira pedra quem não perdeu algum show no Breve

 

Após terminar, o meu planejamento era pegar o final do show da Gal Costa, que já estava rolando em outro palco, e continuar por lá para assistir Gloria Groove e O Grande Encontro. No meio do caminho, mais decepções. A Esplanada estava lotada, sem sinalização, sem espaço para transitar e tudo muito escuro. Todos os postes estavam desligados e ninguém entendia o motivo. 

 

Ficamos uma hora na fila do banheiro. Perdemos o show da Gal. Já que isso tinha acontecido, nos restava aguardar pelo próximo show. Nesse meio tempo, decidi comprar uma bebidinha e, adivinha, mais uma decepção: Tudo exageradamente caro e, além disso, tínhamos que pagar por um copo e por um cartão que está aqui agora sem utilidade nenhuma. 

 

Aproveitando o gancho, não vi nenhuma placa indicando para algum local que vendia comida e depois vi muita gente reclamando a mesma coisa (no Twitter principalmente). Só fui descobrir esse lugar no final do evento, quando fui curtir os últimos minutos de Mientras Dura. Nem tive curiosidade de saber os preços, após o choque que tomei ao comprar a bebida. Amém barrinhas de cereal e Danix que estavam na minha mochila! 

 

O momento da Gloria 

 

Chegou um dos momentos mais esperados da noite: Ver a Gloria Groove. Mas até aí tivemos decepção. O seu microfone ficou desligado por grande parte da primeira música e em outros momentos do seu show. O público gritava”microfone, microfone” e a solução demorou para acontecer. 

 

Mesmo assim, a apresentação foi espetacular! Gloria cantou os sucessos mais antigos e as novas músicas de seu mais recente álbum. Tudo muito animado, performance e looks impecáveis. Deu pra perceber que a artista havia preparado algo muito especial para o público. Ela recebeu a Grag Queen que também arrasou em suas performances. 

 

Logo em seguida, continuamos no mesmo palco para assistir O Grande Encontro e, como eu já esperava, a apresentação foi linda! Daquelas que dão gosto de falar com os amigos que você viu e de se sentir honrado por estar tendo a oportunidade de assistir. Afinal, estavam à nossa frente três ícones do nosso país. 

 

Uma rampa ou um escorregador?

 

Para finalizar, como disse anteriormente, corri para assistir Mientras Dura. No caminho para o palco, me deparo com uma rampa de madeira extremamente perigosa e vi muita gente dizendo “cuidado, muita gente já escorregou aí”. 

 

Aiai…

 

Fechei a noite nessa festa que estava com muita saudade, inclusive, já quero festinha, hein, Mientras?! 

 

Breve… Dependendo do ponto de vista

 

Assim o Breve terminou pra mim. Minha experiência, como a de muita gente que conversei, não foi tão agradável assim. Vários fatores me fizeram sair dali triste, mas anestesiado pelas apresentações incríveis que tive a oportunidade de assistir. 

 

Por fim, a minha opinião continua sendo a de que os artistas salvaram o evento. Digo isso triste, pois adoro, de verdade, o festival e estava aguardando muito para compartilhar coisas boas. 

 

A nossa cobertura ficou para depois e deixo aqui um pedido de desculpas ao nosso público, pois não dei continuidade respeitando o nosso compromisso, como já disse antes.  

 

Espero muito que na próxima edição, seus idealizadores pensem melhor em seu público e considerem também a imprensa local que sempre esteve apoiando suas produções.

 

Até, Breve! 

 

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Charles Douglas
Virginiano, metropolitano de Ibirité, mas com a vida construída em BH, jornalista recém formado e apaixonado pelos rolês culturais da capital mineira. Está perdido no mundo da internet desde quando as comunidades do Orkut eram o Culturaliza de hoje. Quando não está com a catuaba nas mãos, pelas ruas de Belo Horizonte, está assistindo SBT ou desenhos no Netflix.