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“Casa Gucci”: uma história de amor, traição, decadência e vingança

É bem difícil isso acontecer, mas eu fui assistir ao filme “Casa Gucci”, que acaba de estrear nos cinemas, sem ler muito sobre ele e sobre a história real da qual se trata. Sabia que o longa do diretor Ridley Scott retrataria o império Gucci a partir de muitas brigas e desentendimentos em família. Porém, nem lembrava que, na década de 90, os jornais noticiaram a tragédia no mundo da moda retratada no fim do filme.

 

Isso foi até bom, né?! Pois eu entrei no cinema e fui surpreendido com um roteiro ágil, em que os anos se passam sem mesmo você perceber, numa produção de mais de duas horas e meia. Na história, Maurizio Gucci (Adam Driver) aceita assumir os negócios por pressão do tio, Aldo (Al Pacino), mas depois se vira contra ele. Paolo (Jared Leto), o filho de Aldo com aspirações a estilista, é rejeitado pelos empresários e pelo próprio pai. E todos temem a proximidade de Patrizia (Lady Gaga), esposa de Maurizio, que busca controle cada vez maior nas decisões da empresa. Quando a mulher é afastada do casamento e dos rumos da Gucci, ela planeja a morte do ex-marido. Resumindo, a história abrange três décadas de amor, traição, decadência, vingança e, em última instância, assassinato.

 

 

Reprodução

 

 

Lady Gaga, com seus mil looks e seu sotaque carregado e criticado, prova ser cada vez mais atriz. Porém, em algumas cenas, colegas mais experientes mostram que ela ainda tem muito o que aprender. Adam Driver também está bem em cena, mas fica perdido entre a inocência inicial e a guinada inverossímil rumo ao empresário ganancioso. A transformação de Jared Leto é espetaculosa, mas seu personagem dá um tom louco e cômico às vezes desnecessário. Assim, sob uma trilha ora cautelosa, ora invasiva, mas que entoam o mundo clássico da moda, e uma fotografia italiana admirável, o extenso filme desenrola, como eu disse no início, sem você perceber. Os diálogos são leves, e o roteiro não entra muito em detalhes na ascensão e no declínio da marca fashion, sem endeusá-la ou atacá-la. O que importa ali é o retrato da mocinha carismática que se transforma em vigarista, aproveitadora e que vai parar atrás das grades.

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Luiz Cabral
Palpiteiro de plantão, Cabral é, atualmente, responsável pelas colunas SuperDicas (@superdicasbh), com sugestões de gastronomia e diversão na capital; Nossas Histórias, com textos de cotidiano e comportamento; e Luiz, Câmera, Ação – www.luizcameraacao.com, com indicações de filmes e reflexões sobre o que a magia do cinema faz nas nossas vidas. A sétima arte, inclusive, é a sua maior paixão. Aqui neste espaço ele vai narrar, com sensibilidade e crítica, como um filme pode ser muito mais que duas horas de diversão na poltrona do cinema.