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Festa Eleganza completa sete anos refletindo sobre a sua importância no meio cultural de BH

2019… BH passava por um momento daqueles que dava gosto de viver. Muitas festas, eventos interessantes, feiras, eventos na rua, grandes festivais e a cena LGBTQIA+ ocupando os mais diversos espaços da cidade. A festa Eleganza foi e ainda é uma das que, sem dúvidas, contribuíram.

 

Mas em março de 2020, como já sabemos, todos nós tivemos que nos adaptar com a chegada do coronavírus no Brasil. Com isso, as festas que reuniam muitas pessoas pela cidade tiveram que passar por uma transformação. 

 

A Eleganza estava passando por sua melhor fase, tínhamos colocado um trio elétrico na parada LGBT de BH com drag queens, queers e pessoas trans e fizemos uma edição da festa na rua com mais de 2 mil pessoas e estávamos viajando para várias cidades de Minas Gerais com a nossa arte, cada dia surgia mais drags novas em BH.

Rafa Mártir, um dos produtores da festa, se lembra dos momentos antes da pandemia

 

Uma das festas realizadas antes da pandemia | Foto: Jon Viana

Os eventos não viram outra saída. Assim como tudo, tiveram que ir para a internet. As festas que eram presenciais se transformaram em festas online, as pessoas se transformaram em quadradinhos em vídeo chamadas. 

 

Essa alternativa foi importante para espalhar a mensagem da Eleganza, tendo, inclusive, nomes de outros estados, como Márcia Pantera, e até de outros países, como Jessica Wild e Ongina, como atrações das festas online. “Conseguimos alcançar um espaço e uma visibilidade que nunca imaginamos ter, atraímos pessoas do Brasil inteiro e trouxemos muita liberdade para as pessoas serem quem realmente são.” Mártir reflete sobre as oportunidades. 

 

Rafa Mártir, um dos produtores da Eleganza | Foto: Paulo Fidelis

 

 

Porém essas ações não foram tão positivas assim quando olhamos para o lado financeiro. A realização de uma festa presencial, por exemplo, arrecadava muito mais que uma online. “… O que não nos trouxe muita renda, algumas drags venderam figurinos e perucas para pagar contas, muito complicado.” conclui Mártir sobre a situação. 

 

Francis Glam Glam é uma das produtoras da festa | Foto: Ana Paula Aguiar

 

Tendo como produtores fixos Rafa Mártir e Francis Glam Glam, a festa completa sete anos neste mês e, de acordo com Rafa, surgiu da necessidade da cidade de ter um espaço livre para manifestar a arte. Além disso, esse lugar precisava passar segurança e conforto para que todos que frequentavam e se apresentavam, visto que mesmo com a popularização da arte drag pelo país, não podemos esquecer que o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBT’s no mundo. 

 

…Percebemos que estava ali surgindo o maior berço drag da cidade, um palco que foi se criando e abrindo espaços para todas as artes drag e queers locais

 

conclui Rafa Mártir

 

Registro de um dos eventos realizados na rua | Foto: Jon Viana

 

Refletindo sobre as diversas festas realizadas e sobre as milhares de pessoas já impactadas, com quase uma década de atuação, o produtor afirma que agora toda a equipe consegue se sentir mais preparada para um evento de grande porte e reconhece a importância da festa para toda sociedade. 

 

Sabemos que aos poucos os eventos presenciais estão voltando, porém a Eleganza ressalta que o maior desejo é que o Brasil vença a atual situação e que, após isso, o principal objetivo é ocupar ainda mais lugares de BH. 

 

 

…Nosso maior foco é nossa cidade e nosso estado, achamos maravilhoso as drags de outros lugares, mas é importante ter uma cena local e fortalecer isso.

Lembra Rafa 

 

E tem evento neste final de semana!

 

 

 

No domingo (18/07) será realizada pelo Cellos MG (Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais) a 8ª Jornada Pela Cidadania LGBT em formato online e contará com várias atrações. A festa Eleganza é uma delas. 

 

Acompanhe: @festaeleganza

 

 

Foto em destaque: Jon Viana

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Charles Douglas
Virginiano, metropolitano de Ibirité, mas com a vida construída em BH, jornalista recém formado e apaixonado pelos rolês culturais da capital mineira. Está perdido no mundo da internet desde quando as comunidades do Orkut eram o Culturaliza de hoje. Quando não está com a catuaba nas mãos, pelas ruas de Belo Horizonte, está assistindo SBT ou desenhos no Netflix.