Nascida em 2018 com a união das vozes e da paixão pela música de cinco jovens da capital mineira, a banda Chico e o Mar vai conquistar o coração do Brasil. Confira;
Como cantou Raul Seixas em ‘Prelúdio’: “um sonho que se sonha junto é realidade”. A história da banda Chico e o Mar começou assim, quando o vocalista Daniel Moreira que desejava expandir a sua paixão pela música e deixar a sua marca no mundo, uniu forças com Caio Gomes (baterista), Gabriel Frade (baixista), Guilherme Vittoraci (guitarrista) e Gustavo Vittoraci (tecladista) para transformar o sonho de tocar as pessoas através da música em realidade.
O som do quinteto que vai do folk-americano até o pop nacional, apresenta melodias e letras envolventes, que relatam as vivências da juventude: os amores, as perdas, as aventuras e os dilemas. Com o primeiro clipe lançado em junho de 2019, a banda tem se destacado bastante no cenário nacional. Vencedora da Sessões Autênticas, um evento promovido pela casa noturna A Autêntica com várias bandas independentes da capital mineira, a Chico e o Mar já teve a oportunidade dividir o palco com grandes artistas e bandas nacionais, como o ex-baixista da Fresno, Esteban Tavares e a banda Young Lights.
Citada em uma matéria da Rolling Stones Brasil como uma “preciosidade vinda de Belo Horizonte”, a banda vem conquistando o coração de muitos jovens. Desde o lançamento do primeiro single, a banda já possui cinco músicas lançadas e o primeiro álbum segue em produção, com a data de lançamento ainda a definir. Recentemente, tive a oportunidade de conversar com o vocalista, Daniel Moreira sobre a trajetória da banda, recepção do público, expectativas para o futuro, isolamento social e muito mais.
Confira o bate-papo na íntegra:
1 – Como a história de vocês começou? Me contem mais sobre a formação da banda e todo o processo de união que vocês passaram até chegarem no que a “Chico e o Mar” é hoje.
Tudo começou quando eu tinha 16 anos e comecei a compor. Eu queria ter algum projeto, me enxergava fazendo isso e sentia que precisava tocar as pessoas de alguma forma. Não queria só existir no mundo, eu queria ser lembrado. Nisso, aos 18 anos, eu tentei montar uma banda com um amigo que conheci no cursinho, que é o Caio, atualmente baterista da banda. Nós falamos: “precisamos formar uma banda, precisamos fazer isso”, eu já tinha algumas coisas escritas e aí começamos como uma banda bem underground, mais hardcore, nada a ver com o som que temos hoje. Formamos a banda, mas não deu muito certo e seguimos novos caminhos. Já em 2017, começou o flerte entre eu e o Caio para criarmos algo juntos musicalmente.
No entanto, em 2018, decidi que iria seguir carreira solo, tive uma ajuda do Jay, vocalista da Young Lights, para produzir algumas das minhas músicas e conseguir um show para que eu pudesse me apresentar. Nessa época, eu conversava com o Guilherme, que é o guitarrista da banda, pelo Instagram. Ele foi ao meu show solo, conheci ele e o Gustavo, que atualmente é o nosso tecladista e, nesse dia, combinamos de tocar juntos, fazer um ensaio e, a partir daí, tudo começou. Eu, Caio, Gui e Gu. Nós tínhamos um baixista, grande amigo meu, que acabou não dando certo porque ele é tunisiano e os ensaios eram todos em inglês, já que ele não falava português, o que dificultava a comunicação e atrapalhava o desenvolvimento dos ensaios. No fim das contas, ele deixou a banda para seguir outros caminhos. Algum tempo depois, encontrei com o Gabriel Frade e perguntei se ele tinha interesse em tocar conosco e ele aceitou. E funcionou muito bem. Ele ajudou muito a chegarmos no que somos hoje. Foi assim que a Chico e o Mar chegou até no que é.
2 – O primeiro clipe de vocês foi lançado em junho de 2019, desde então, vocês lançaram algumas outras músicas e, recentemente, o single “Carnaval” e a demo “Afogado”. Como tem sido a recepção do público ao trabalho de vocês?
O público tem nos recebido muito bem, eu não esperava que seria tão rápido. Começamos a ensaiar em setembro de 2018 e fizemos o nosso primeiro show em novembro do mesmo ano, em uma cidade chamada Conselheiro Lafaiete. Não esperávamos que seria tão foda, sabe? As pessoas começaram a conhecer as músicas, víamos elas cantando junto com a gente, fizemos shows com artistas grandes, tipo o Esteban, abrimos o show dele com seis meses de banda. Foi muito doido conseguir isso, graças a ‘Sessões Autênticas’ que abriu muitas portas.
A galera recebe muito bem, é muito doido ver as músicas que fazemos em nossos quartos se expandirem e serem compartilhadas. Dentro desse tempo, temos feito muita coisa para crescer, para que a banda fique cada vez maior. Estamos tentando fazer com que a nossa música chegue ao maior número de pessoas e a galera tem ido aos shows. A gente nunca toca cover, a gente só toca as nossas músicas autorais e a galera vai para ver a gente cantar. É muito lindo ver como o público recebe bem o nosso trabalho, ver pessoas de outros estados conhecerem a gente pelas nossas músicas.
3 – Apesar de estarem no cenário musical há pouco tempo, o som de vocês têm sido muito notado aqui em Belo Horizonte e, também, em outros estados do Brasil. A banda chegou a sair em uma matéria da Rolling Stones em meados do ano passado como ‘uma preciosidade’ da capital mineira. Quais são as expectativas de vocês para o futuro?
As nossas expectativas são as maiores, não temos medo de pensar alto. A gente se estimula a pensar alto porque queremos ser uma das maiores bandas do Brasil, seja no cenário indie ou em qualquer outro, queremos ser uma das maiores, ter uma carreira sólida e conseguir viver só da música. Não escondemos essa nossa vontade. Fazer com que a música alcance mais pessoas e que o nosso som chegue longe é o que vai fazer a gente sobreviver a esses momentos. Por isso, não fazemos músicas complexas porque queremos que todo mundo possa entender, conseguir agregar e atingir um público maior. Abraçamos muito a diversidade. A gente adora ver o nosso show cheio de pessoas diferentes. A gente pensa muito alto, é um dos nossos valores.
4 – O som de vocês é uma mistura que vai do folk-americano até o pop brasileiro. Quais artistas e bandas são grandes referências e inspirações no processo de composição e produção das músicas e clipes?
No início, nós tínhamos uma forte influência da Young Lights que nos apadrinhou. Eles eram mais folk, por isso, pegávamos muita inspiração desse estilo. A Coldplay também é uma banda que nos influencia até hoje, mesmo não seguindo muito no folk, agora temos mais influências do pop alternativo, como a Dua Lipa e outros artistas grandes que estão nesse cenário. Gostamos de sair da nossa zona de conforto, gostamos ver coisas que são feitas para fazer sucesso, apesar de não ser a nossa intenção se vender, é sempre bom estudar e entender o que faz outros artistas serem grandes. A gente se influencia muito por pessoas que estão fazendo um bom trabalho.
5 – Como é o processo de vocês durante a criação das letras, composição das músicas, conceitos de clipe e arte?
Normalmente, eu e o Gui criamos as canções no violão ou no piano e levamos para o ensaio, onde todo mundo opina e participa na estruturação. Hoje não temos nenhuma produção externa, nós fazemos tudo e, por isso, criamos tudo juntos. Na maioria das vezes, as ideias de composição vem de mim e do Gui, tanto melodicamente, tanto de escrita. As cinco músicas que lançamos até hoje foram escritas por mim, com algumas colaborações dos meninos.
Quanto ao conceito de clipe e arte, todos se envolvem. Começa um pouco de mim e do Gui, mas todos os integrantes participam. Fazemos máximo para que todos estejam felizes com o resultado. A banda é um processo democrático, por isso, queremos que o maior número de pessoas se sinta bem e, todos são bem participativos na criação. Os processos criativos são muito abertos com todo mundo.
6 – Vocês já tiveram a oportunidade de dividir o palco com outros artistas e bandas nacionais como o Esteban Tavares, Young Lights, Devise e Enversos, em diversos eventos da capital mineira. Como essas experiências de troca com outros artistas impactam vocês? E qual seria uma colaboração dos sonhos?
Com todo tipo de show, nós aprendemos muito. Tentamos tirar coisas positivas e negativas, ver o que deu certo ou errado, se as bandas combinam juntas, como podemos desenvolver um trabalho melhor da próxima vez, sempre buscamos melhorar alguma coisa. Nos sentimos muito honrados em poder tocar com essas bandas e trocar essa experiência com elas. Nós somos a banda mais jovem dessa geração e tentamos aprender com todo mundo e entender como elas chegaram onde estão. Nos atentamos muito ao impacto midiático causado pelo evento, com a troca do público. Sentimos um amadurecimento muito forte a cada apresentação, uma Chico e o Mar nova a cada show. Sempre temos alguma coisa para aprender e aplicar para os próximos. Além de nos sentirmos bem tocando com bandas que gostamos, que dividimos o palco constantemente, que a gente adora e fica feliz de tocar juntos. Tudo é um aprendizado, pegamos todas essas coisas e tentamos aprender todos os lados dela. A nossa colaboração dos sonhos seria com a Last Dinosaurs, uma banda australiana que curtimos muito e tem uma sonoridade parecida com a nossa. Seria a colaboração mais foda de todas.
7 – Mesmo durante esse período de isolamento social em que estamos vivendo com a crise do coronavírus e a COVID-19, vocês estão mantendo a proximidade com os fãs e a divulgação do trabalho da banda através de lives e participações em eventos virtuais, como o Festival Solitude. Como tem sido a experiência de se conectar com o público e manter a arte viva em um momento tão delicado?
Com esse período de isolamento social, percebemos que está cada vez mais difícil sobreviver a tudo isso, mas também vemos como uma oportunidade de mostrar a nossa realidade para as pessoas e produzir conteúdo de uma forma que não esperávamos. Por exemplo, tocar músicas acústicas, desenvolver videos caseiros que não fazíamos muito antes e, eu acho que esse período tem feito a nossa cabeça ficar mais aberta para possíveis novos conteúdos e novas situações. Estamos tentando viver esse momento de uma forma mais construtiva.
A experiência pode ser difícil, mas estamos tentando melhorar para estar mais perto das pessoas, mais ativos nas redes sociais e criar mais conteúdo de qualidade e fazer alguma diferença na vida do público. É por isso que a gente tenta e consegue trazer esse impacto, estamos mostrando a nossa verdade ali. Eu acredito que quando as pessoas gostam da gente, elas gostam porque somos verdadeiros e estamos compartilhando a nossa realidade e, com essa situação inteira, não tem como mostrar mais a nossa verdade do que agora, de forma caseira e pura.
8 – Como é a relação da banda com os fãs? Soube que existe um grupo de WhatsApp chamado “Chico e o zap” onde vocês trocam mensagens e interagem virtualmente. O quanto é importante essa conexão com quem gosta e apoia o som da Chico e o Mar?
O grupo do WhatsApp é o nosso meio mais legal de divulgação porque conseguimos nos manter conectado com essas pessoas e de uma forma muito mais sincera. A gente não gosta de falar que as pessoas são nossos fãs, dizemos que todos são nossos amigos, porque vemos mais um conceito de amizade do que de idolatração. Queremos estar próximos dessas pessoas e quando falamos “fãs” parece que falta proximidade. Criamos um carinho muito grande por elas, sabemos os nomes, conversamos no privado e interagimos.
Se não fosse por essas pessoas, não estaríamos conseguindo todas essas oportunidades hoje. Eles são os primeiros a divulgarem as músicas novas, os conteúdos, ajudam a criar conteúdo para as nossas redes sociais, tentamos incluí-los no processo criativo da banda, pois é muito interessante e importante ter a opinião das pessoas que gostam de nós e do nosso som. A Chico e o Mar é muito mais do que só uma banda, é uma família. Tentamos agregar cada vez mais pessoas e elas se conhecem através do grupo e isso tem nos feito cada vez mais feliz. Começou como uma ideia descontraída e se tornou algo muito bom para todo mundo. As pessoas desse grupo são muito importantes para nós, sentimos mais proximidade e conexão.
9 – Para finalizar, o que podemos esperar dos próximos lançamentos de vocês?
Nós estávamos no processo de pré-produção do nosso primeiro disco, mas tivemos que adiar as gravações pelo coronavírus. O álbum terá 10 músicas que já estão com a composição pronta, mas ainda estamos decidindo se vamos incluir mais faixas ou não. Toda são inéditas, algumas já tocamos em shows, mas elas mostram uma Chico e o Mar muito diferente desde o primeiro single, mostra todo o aprendizado que tivemos até hoje não só como banda, mas em nossas vivências pessoais também.
Acredito que ouvir muita música ajuda a enxergar novos elementos, então nós ouvimos de tudo: o Frade escuta muito pagode e sertanejo, eu escuto muito da nova MPB, pop e indie, o Caio escuta muito rap e o Guilherme muito trap e a gente junta tudo isso e faz um mix. Estamos trabalhando para sair da zona de conforto. Não queremos ficar no que já existe demais, é uma das coisas que temos prezado muito. Não que fiquemos “bitolados” em criar coisas que nunca foram lançadas, mas gostamos de colocar as nossas referências dentro do processo, curtimos muito esses timbres mais experimentais. A tentativa de sair da zona de conforto é uma das coisas que a gente tem mais colocado nesse disco.
Cada vez mais temos notado um amadurecimento com tudo, seja na linha de bateria ou de guitarra. Nos vemos uma Chico e o Mar diferente e esse disco mostra a banda mais madura, que ela não veio ao mundo para ser insignificante. Viemos com um propósito e queremos buscar esse sonho que é poder viver da música e tem sido muito bonito acompanhar a criação desse álbum. Estamos muito animados para essa próxima etapa que é uma mudança de chave para esse momento de colocar tudo que aprendemos até agora e aplicar a um disco, a uma carreira e tem sido muito bonito. Nos empenhamos para que seja cada vez melhor. É um momento de amadurecimento, de abraço, mesmo que não possamos nos abraçar agora. Estamos sempre juntos uns dos outros, se apoiando, se dando uma moral. A Chico e o Mar é isso, é uma família, sempre junto um com o outro.
Algo me diz que tem muita coisa boa dessa banda vindo por aí, mas enquanto isso que tal deixar ‘Carnaval’ tocando no repeat?
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