Eu sei que já passou muito tempo, a turma dos “Vingadores” já está quase chegando com seu novo filme, mas precisamos falar sobre “Pantera Negra”. Precisamos muito! Esse, que é o 18º longa da Marvel, chegou às telonas no mês passado, mas continua a todo vapor nas salas de cinema da capital e da região metropolitana. E não é difícil entender por que isso acontece e por que você tem que assistir a essa belíssima produção, que passa longe de ser só mais um filme de super-herói.
Os números não estão mentindo há dias: na semana passada, “Pantera Negra” ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão na bilheteria mundial – nada mal para uma produção que teve um orçamento de US$ 200 milhões. E mais: pela quinta semana seguida, ficou em primeiro nas bilheterias dos Estados Unidos, feito inédito entre os filmes do universo cinematográfico da Marvel e não alcançado por qualquer longa-metragem desde 2009. Nos últimos 20 anos, apenas “Avatar”, “Titanic” e “O Sexto Sentido” atingiram essa marca. Tá vendo como você tem que ver?!
O filme do diretor Ryan Coogler (que tem um 3D incrível!) conta a história de T’Challa, que, após a morte de seu pai, o rei de Wakanda – uma isolada, escondida e tecnologicamente avançada nação africana –, se prepara para herdar o trono e ocupar seu lugar de direito como rei. Mas com o reaparecimento de um velho e poderoso inimigo, o valor de T’Challa como rei – e como Pantera Negra – é testado quando ele é levado a um forte conflito que coloca o destino do país e do mundo todo em risco. Em meio à traição e ao perigo, o jovem rei precisar reunir seus aliados e liberar todo o poder do Pantera Negra para derrotar seus inimigos e garantir a segurança de seu povo e de seu modo de viver.
Assim sendo, pode esquecer aquelas piadinhas e sarcasmos presentes nos filmes da Marvel. Sério e bastante político, “Pantera Negra” toca em assuntos nunca antes abordados por uma produção de super-herói. A começar pelo elenco quase que totalmente negro. Uma ousadia necessária em pleno 2018, que clama e deseja por discussões desse nível na tela grande. Isso é algo nunca feito antes em um filme desse porte por causa daquelas velhas e conservadoras atitudes de Hollywood.
Mas os tempos mudaram. E o ator Chadwick Boseman ajuda nessa essencial mudança. Ele tem uma atuação poderosíssima como T’Challa, e parece que o personagem foi desenhado pra ele. E precisava ser assim mesmo, né? Pois ele chega com tudo em “Vingadores: Guerra Infinita”, que estreia em 26 de abril, e nada melhor que um novo herói atraente e unânime na área. O vilão de Michael B. Jordan, Erik Killmonger, também convence e dá força a um filme de teor artístico, bélico, que parece ser um filme de super-herói por acidente. E, como eu já disse, é muito mais do que isso.
É, realmente os tempos mudaram mesmo. Além da questão negra, diluída tão naturalmente no decorrer da história, também é natural falar de política, de imigração e de empoderamento feminino. Na verdade, o filme mostra essa luta pela representatividade da cultura negra e se torna efetivamente uma obra política quando questiona se a nação fictícia de Wakanda (com sua tão evidente riqueza natural e tecnológica) deve ou não se abrir para o mundo – retratando, assim, questões muito atuais de imigração, protecionismo, preconceito e disputa de classes.
Porém, existe um brilho ainda maior para o elenco feminino – que rouba a cena, ganha o amor do espectador e, especialmente, mostra um grupo fenomenal e cheio de voz de fortes guerreiras africanas. Ao lado do Pantera Negra, as peças fundamentais vão desde sua irmã, Shuri (Letitia Wright), e sua mãe, Ramonda (Angela Bassett), até sua namorada, a espiã Nakia (Lupita Nyong’o), e sua fiel escudeira, a forte Okoye (Danai Gurira), que merecem destaque pelo “girl power” e colocam as mulheres onde elas devem estar: no foco, no momento decisivo, no campo de batalha, ou seja, no alto do pódio – heroínas ao lado do super-herói.
Tá vendo! Por tantas importantes questões, não há como negar que, em dez anos, “Pantera Negra” é o melhor filme da Marvel – desbancando homens de ferro e capitães américas por aí. Bem feito, intenso, tecnológico, reflexivo, representativo. Não tem como passar despercebido. Esse bilhão é só mais um indicativo.
“Luiz, Câmera, Ação” é publicada neste espaço toda sexta-feira!
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