Para fugir da forte censura que o cercava desde o disco ‘Chico Canta / Calabar (1973)’, que também foi uma peça de teatro musicada, o cantor inovou interpretando sucessos de outros artistas, como: “Festa Imodesta”, “Copo Vazio”, “Filosofia” e “Sinal Fechado”
Coluna: ‘Crítica Musical’
Jornalista | Colunista & Editor
Felipe de Jesus
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A música brasileira têm nomes importantes e com certeza Chico Buarque está no topo desta lista. Prova disso, é que o início dos anos de 1970 foi marcante em sua carreira com os discos “Construção (1971)” e “Chico Canta / Calabar (1973)”, que de tanta censura, quase não existiu. Mas nenhum deles tem tanto o pé no Samba, especialmente em homenagem a velha guarda, quanto “Sinal Fechado (1974)”.
O disco faz homenagem a Dorival Caymmi, Noel Rosa, Tom Jobim e outros, mostrando que Chico estava no caminho certo. Abrindo, temos “Festa Imodesta” (Caetano Veloso), que traz o frescor do bom Samba e em seguida Gilberto Gil, com a tocante “Copo Vazio”. Já em “Filosofia” (Noel Rosa), fica nítida a admiração de Chico, já que até o timbre de voz deles se parece. Na canção “O Filho que eu Quero Ter” (Toquinho e Vinícius de Moraes), vemos toda sua ternura e em “Cuidado com a Outra” (Nelson Cavaquinho e Augusto Tomaz Júnior), o Samba de raiz toma vez!
Já em “Lágrima” , a força de Sebastião Nunes, José Garcia e José Gomes Filho surge! Em “Acorda Amor”, Chico (fugindo da censura), compôs a música com o nome de Julinho da Adelaide e Leonel Paiva. Um sucesso! Em “Lígia” (Tom Jobim), vemos sua versatilidade na interpretação. Com “Sem Compromisso” (Nelson Trigueiro e Geraldo Pereira), sua excelência musical e na melancólica “Você Não Sabe Amar” (Dorival Caymmi, Carlos Guinale e Hugo Lima), o legitimo Samba-Canção. Chico ainda traz “Me Deixe Mudo” (Walter Franco) e a magnífica “Sinal Fechado” (Paulinho da Viola).
Avaliação |
“Sinal Fechado (1974)” se tornou um novo passo para Chico, já que ele dependeu mais da sua voz que das suas composições. Desta grande obra do artista, (apesar de gostar do disco inteiro), eu indico as faixas: “Copo Vazio (que inclusive foi gravada recentemente em duo com Gilberto Gil)”, “Filosofia”, “Acorda Amor” e “Sinal Fechado”. Um trabalho primoroso, onde o cantor, compositor e escritor Chico Buarque, conseguiu provar que era possível seguir em frente e elogiar o Samba da velha guarda sem incomodar ninguém.
Fotos: Chico Buarque
Até a próxima Crítica Musical.
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