Legados de Lyraeh é o primeiro livro do escritor mineiro Willer Jones. Willer que é professor do ensino fundamental na rede pública, criou uma fantasia agradável de ler, que de fato aguça e estimula a imaginação, como tem que ser.
A história apresenta a saga do jovem Thalles Stjerners, um garoto normal, desajeitado, que não tinha nada de especial, só não passava despercebido por aí porque sempre era notado pela galera do bullying. Ao explorar relíquias e velharias em sua casa, dessas que todo mundo tem num quartinho qualquer, ele descobre um baú, herança do pouco que sobrou da história de seu avô materno.
Movido pela curiosidade, Thalles decide investigar mais sobre o artefato, com ajuda de seu amigo Natan. Obviamente, o que nenhum dos dois imaginaria é que ao abrir o baú, suas vidas mudariam para sempre.
Uma aventura que começou no quarto do garoto, tem continuação na cidade “mágica” de Lyraeh. Caindo literalmente de gaiato nessa história, os meninos lidarão não apenas com seres extraordinários, mas também a ganância e ódio humanos.
“Os habitantes também eram bem diferentes. Era possível ver criaturas que em nada pareciam com pessoas, mas sim com animais selvagens e até mesmo com seres antes inimagináveis: raposas, cães, animais marinhos e toda a fauna terrestre, assim como a fauna fantástica: um Minotauro”. (pág.56/57)
Legados de Lyraeh segue a fórmula clichê (isso não é ruim) das histórias fantásticas de sucesso, um adolescente que um belo dia acorda com a responsabilidade de salvar o mundo. É uma aventura cercada de mistérios, com direito a profecia, esfera de cristal, reencontro de pessoas que saíram de sua vida muito cedo, e um terrível vilão que quer dominar tudo. Transitando entre a Terra e Lyraeh, os jovens tem a missão de estabelecer a paz e proteger a principal partícula de vida, as mendraves.
É uma história jovem, com referências jovens, embora tenha sentido falta de detalhes, como citar o nome dos jogos de videogame que o Thalles tanto lembra em cada fase que enfrenta. A leitura é ágil, com muita ação e reviravoltas que te prendem na leitura. Com isso muitos fatos, poderiam ser mais explorados e explicados, passam rapidamente e o leitor precisa ficar atento.
Senti falta de uma química maior entre os amigos Thalles e Natan, talvez por isso quando de uma das reviravoltas não surpreendeu tanto. Mas gostei bastante da dinâmica da cidade de Leryah, do mistério que envolvia de fato o legado de proteção. É muito legal ver os autores nacionais, sobretudo os da nova geração, se arriscando em outros gêneros literários para além dos romances, e trazendo opções aos leitores ávidos por literatura fantástica.
Gostei também da edição e projeto gráfico. O livro é pequeno em número de páginas e tamanho, com letras grandes e formatação que proporciona uma leitura confortável. Percebi alguns errinhos de digitação e concordância que valem uma nova revisão antes de rodar uma outra edição, mas nada que prejudique o leitor.
Legados de Lyraeh é uma leitura que a gente já faz imaginando uma adaptação, alô Netflix!!! Muitos efeitos, poderes, transformações que cairiam super bem nas telonas e telinhas.
Assim como outras obras fantásticas de sucesso, Legados de Lyraeh, certamente cumprirá bem a função de entreter e abrir portas para a leitura de outras obras.
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Esta coluna é publicada invariavelmente as segundas, porque às vezes o livro é bem grande (rs)
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