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Gal Costa lança “A Pele do Futuro” inspirada na Black Music dos anos de 1970

Maria Bethânia e Marília Mendonça participam do álbum; Sublime, Cuidando de Longe e Minha Mãe são os grandes hits

 

Com 53 anos de carreira seria muito normal se “Gal Costa” quisesse nessa altura da vida, colocar a toalha de lado e dizer “até mais” para todo o sucesso conquistado. Primeiro, porque ela é considerada uma das grandes cantoras e intérpretes do país, segundo, porque “diversos prêmios” ela já ganhou e com uma discografia “ímpar”, o que mais ela poderia desejar? No entanto, mesmo tendo o seu espaço “garantido” entre os grandes nomes da música brasileira, ela nunca se acomodou no sucesso e nas vitórias alcançadas. Pelo contrário, sempre se reinventou procurando trazer em cada novo álbum, uma contribuição importante para à música brasileira. Prova disso foi o sucesso do disco “Estratosférica (2015)” e o mais novo e bem aceito “A Pele do Futuro (2018)”, seu 40º álbum.

 

Com músicas de grandes artistas como Gilberto Gil, Adriana Calcanhotto, Dani Black, Emicida, Djavan, Guilherme Arantes, Hyldon, Nando Reis, Tim Bernardes, Paulinho Moska, Breno Góes, Erasmo Carlos, Silva e Jorge Mautner, “A Pele do Futuro (2018)” traz o estilo inconfundivel e a voz cristalina de Gal Costa, mas desta vez, com pitadas da Black Music dos anos de 1970. A primeira música, “Sublime” (Dani Black), além de trazer um som bem próximo das discotecas, lembra álbuns antigos de Gal Costa, como, “Profana (1984)”. “Não que eu me iluda. Eu acho até que você gosta de mim. Não que eu me iluda. Eu penso até que você pensa. Mas não o suficiente pra ficar assim. Calado colado sem beijo apressado”. Em “Palavras do Corpo” (Silva / Omar Salomão) ela derrama todo o seu romântismo, como também em “Vida que Segue” (Hyldon), algo bem próximo do disco “Plural (1990)”

 

Na canção “Cuidando de Longe”, (Juliano Tchula /Junior Gomes / Vinicius Poeta) Gal Costa sempre astuta, traz a participação da “diva” Marília Mendonça. A letra tem todas as características já vistas nas músicas da “rainha do sertanejo”. “Amar sozinho também é amor. Um passarinho me contou. Que você não é só isso. Que aparenta ser. Sei, você mal sabe quem sou eu. De onde esse amor nasceu. Cê nunca perdeu o seu tempo. Pra me convencer. Você se olha dentro do espelho. E não enxerga o seu avesso. Sua parte mais bonita”. Já em “Livre Amor” (Adriana Calcanhoto), Gal Costa mantém a linha romântica, no entanto, com mais suavidade. A canção se aproxima dos grandes hits do álbum “Aquarela do Brasil (1980)”.

 

Em “Puro Sangue” (Guilherme Arantes), ela traz uma bela letra e também melodia que remete bastante alguns trabalhos do cantor Gonzaguinha. “Sou o sopro da manhã na direção do sol do novo azul que se levanta. Sou o olhar que libertou a luz de todo amor a espada mais cortante e santa. Sou o avesso do poder. que o mundo quer faze que tudo ande pra trás em ritos ancestrais de puro sangue”. Em “Realmente Lindo” (Tim Bernardes), Gal Costa parece ter revistado o disco “Minha Voz (1982)” já que a canção tem batidas bem parecidas até mesmo da música “Verbos do Amor”.

 

O álbum segue com as lindas canções “Viagem Passageira” (Gilberto Gil ), “Cabelos e Unhas” (Paulinho Moska / Breno Góes) e “Dentro da Lei” (Djavan). Já na música “Minha Mãe” (César Lacerda / Jorge Mautner), Gal Costa presenteia o ouvinte com a tocante participação da cantora Maria Bethânia. Além de ter as duas cantando “novamente” juntas, a letra é emocionante. “Quando eu fico muito triste. Eu pego a fotografia da minha mãe. E aperto bem forte no meu peito. Minhas mãos param de tremer. Segurando a fotografia. E meu coração bate mais forte. Mas não é mais uma dor que eu sinto. Eu me transformo. Possuído de uma alegria que invade a mim. E todo esse recinto. E que não tem explicação. E eu choro de alegria. Rezando aos pés de Nossa Senhora Aparecida. Minha mãe me deu a vida. E sempre ela me dará a vida”. Já na música “Mãe de Todas as Vozes” (Nando Reis), Gal Costa segue a linha adotada em “Estratosférica (2015)” e fecha o álbum com “Abre-Alas do Verão” (Erasmo Carlos / Emicida ), música bem para cima.

 

Avaliação

 

Entre as canções que mais gostei, indico: “Sublime”, “Vida que Segue”, “Cuidando de Longe”, “Puro Sangue”, “Realmente Lindo”, “Viagem Passageira” e “Minha Mãe” (que é linda). Todas essas canções refletem no cuidado que Gal Costa tem em interpretar grandes nomes da música como em produzir novos trabalhos. Avalio com cinco estrelas (avaliação máxima), pois, por saber alinhar parcerias musicais de primeira qualidade e letras na medida certa, Gal Costa conseguiu com “A Pele do Futuro” continuar ocupando o posto de uma das grandes cantoras da MPB. Para os fãs que gostaram de “Estratosférica (2015)”, “A Pele do Futuro (2018)” consegue surpreender ainda mais. Vale a pena escutar o novo álbum de Gal Costa que já está disponível no formato físico, Deezer e também no Spotify.

 

 

 

Até a próxima Crítica Musical.

Crítica Musical é publicada neste espaço toda quinta-feira

 

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