Livia Brazil é uma jovem carioca que adora poesia. Ela mantém um blog bem legal onde fala não só de livros, mas também músicas, séries e filmes, acesse aqui. Livia já tem dois livros publicados: “Queria tanto” e “Coisas não ditas”, todos pela editora Benvirá e voltados para o público infanto-juvenil.
Eu tenho lido muito livro nacional voltado para os jovens. As editoras têm investido nesse público e tem dado voz a jovens escritores como Livia Brazil, Eduardo Cilto, Kéfera Buchmann e tantos outros que estão aí a espera de uma oportunidade. Literatura nacional não se resume aos clássicos. Dê uma oportunidade aos jovens escritores.
“Coisas não ditas” é um romance água com açúcar, que conta a história de Lucie, uma jovem atriz, que vive um romance escondido com Rafa, melhor amigo e colega de banda do seu irmão mais novo e absurdamente ciumento, Noah.
Lucy e Noah moram juntos em uma casa na cidade, enquanto o restante da sua família vive no interior do estado. Os dois irmãos foram em busca dos seus sonhos, e eles de fato estavam se realizando. Ela estava prestes a estrear como a protagonista de um musical. E ele sairia em breve em turnê com a sua banda. A casa dos dois vivia cheia de amigos, ora do grupo de teatro de Lucy, ora da banda de Noah. Rafa e Lucy se encontravam nesses momentos, fingiam ser apenas amigos, mas davam suas escapulidas, dormiam juntos, sem que Noah e os amigos desconfiassem de nada.
Rafa é fofo, gato, um apaixonado que faz de tudo por ela. Eles vivem um romance quente as escondidas, mas Rafa está decidido a ter a Lucy para si, ele quer namorar e assumir seu romance para todos. A questão é que Lucy não quer nada sério. A princípio esse motivo não fica muito claro, já que ela se mostra bem apaixonada e disposta a viver essa paixão, temendo apenas a reação do irmão que faz marcação cerrada. Mas aí o irmão sai de cena, em uma viagem ao exterior, e quando não há mais empecilho, a própria Lucy arruma um, aliás vários motivos para não corresponder a esse amor.
“As pessoas conheciam a Lucie que eu queria que conhecessem. Se dissesse sim pro Rafa, ele iria conhecer a outra Lucie uma hora ou outra. E essa outra Lucie _ a Lucie frágil, sensível_, ninguém podia ver. Acho que nem eu conhecia mais essa Lucie. Não era pra conhecer mesmo. Eu não era fraca, era forte. Se eu fosse fraca….” (pág.87)
A vista de olhares mais experientes, Lucy é uma menina mimada que não sabe o que quer da vida. E fica fazendo esse joguinho de “ah não posso demonstrar que amo”, enquanto o menino está lá sofrendo com isso. Em um determinado ponto criei um rancinho dela, mas com o avançar da história, percebemos que ela é apenas insegura mesmo, e bem orgulhosa, algo até normal para a idade. Talvez essa percepção venha do fato de que ela é a narradora da história, e quando adentramos os seus pensamentos, vemos o quanto eles são imaturos, beirando a infantilidade. E as coisas não ditam, são tão simples de serem feitas, que a história poderia ser resumida em pouco mais de 100 páginas. E teria me agradado bem mais.
Apesar disso, a autora foi muito perspicaz ao construir uma história ágil. Os fatos se desenrolam e entrelaçam tão rapidamente que às vezes nos perdermos na quantidade de personagens que surgem do nada. Além de situações que se apresentam repentinamente como doenças, viagens, acidentes, brigas, situações inconsequentes e até mesmo inusitadas. É importante lembrar que os personagens são jovens independentes, vivendo suas vidas de descompromissadas, e lidando com os dilemas que a vida vai lhe impondo.
“Coisas não ditas” é um clichêzinho adolescente, fácil de ler, com linguagem e referências jovens e atuais. É uma edição bonita da editora Benvirá, bem diagramado. Vale pena ter na estante ou dar de presente para o público-alvo. É uma leitura leve e musical, não apenas pela banda da história, mas cada capítulo começa com o trecho de uma música, cuidadosamente listada no início do livro. Gosto de autores que tem essa consideração com o leitor e com certeza lerei mais dessa autora.
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Esta coluna é publicada invariavelmente as segundas, porque às vezes o livro é bem grande (rs)
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