Como a cidade calma
Lava enfurecida
Calada
No peito do homem
Do ônibus
No riso por debaixo da saia
Da medusa que me endoida
Que avoa até dentro de mim
Como a cidade clama
A areia fina que impede o amor
Enquanto negócios são feitos
Aquilo que nos torna agentes
Da própria mazela
Esquecida quando o copo esvazia
Mais ainda
Quando o prédio salta
E o gozo explode o semáforo
Sem preguiça
Não poesia
Arrefecedora
Não umidade
Ante gemido
Tudo que cala em si
Na tarde do inverno
Invade quando vem o sertão
E debaixo
Das rendas
Contra a lei
Diante dela
Arremesso o corpo
E você me alcança
Enquanto isso
A cidade
Por vezes dorme
Enquanto trememos
Tudo certo
“como dois e dois são cinco”
E como
E como
A cidade
Você…
B.
Poema de Bernardo Nogueira
Foto: Wagner Correa
Instagram: Café de Imagens