Peixota: resistência e visibilidade para a comunidade LGBTQ+
Charles DouglasComentários desativados em Peixota: resistência e visibilidade para a comunidade LGBTQ+
A cena musical autoral LGBTQ+ tem ganhado cada vez mais espaço. Artistas como Pabllo Vittar, Lia Clark, Mulher Pepita, Glória Groove, Liniker, Joony Hooker, entre outros estão cada vez mais falados. Em Belo Horizonte, alguns artistas do meio também estão lançando suas carreiras e surpreendem cada vez mais, assim como Gabriel Peixoto, conhecido nas noites da cidade como Peixota!
Hoje, com 21 anos, Peixota é jornalista e produtor cultural e atua como DJ residente no Zona Las e n’A Autêntica. Sempre ligado à música autoral, ele se dedica muito para uma maior visibilidade da música produzida na capital, no estado e no país. “Penso sempre nos meus sets como grandes e importantes momentos de valorização do autoral e da música produzida por e para LGBTQs, e meu dia fica ainda mais feliz quando consigo conciliar os dois.”
No dia 21/07, Peixota deu mais um passo na sua carreira e lançou sua primeira música “Ei, Amigo” e, agora, além de assinar como jornalista, produtor cultural e DJ, adiciona as categorias cantor e compositor. O processo de composição foi dado a partir de 2016, ano em que ele afirma ter passado por um “período fascinante de auto-aceitação” e que ainda pôde conhecer o seu melhor enquanto uma pessoa LGBTQ+.
Compus uma música sem levar muito a sério e mostrei pra amigos que me deram a maior força. Desde então já escrevi mais de 50 e tô adorando cada vez mais.
Embalada no ritmo do momento, o funk, “Ei, Amigo” traz uma mensagem de superação além de fazer um questionamento quanto à visibilidade da população LGBTQ+. De acordo com ele, a música é “uma resposta pros olhares tortos e tortuosos de rua, que deprimem, oprimem e negligenciam todas as cores possíveis dentro de uma pessoa LGBTQ+.”
“Escolhi o funk por ter crescido com ele, e sua sonoridade sempre foi mais próxima à minha realidade enquanto LGBTQ+ periférica. Além de adorar rebolar! Tento fazer uma junção do ser dançante com reflexões acerca de vivências de LGBTfobia, descobertas e constantes tapas na cara vindos de uma cidade ainda muito conservadora.”
“Cidade ainda muito conservador”. Peixota lembra de vários momentos em que sofreu algum ato de preconceito pelas ruas da cidade por ser como é e agora por ser um cantor de funk afeminado psicodélico (como denominou seu estilo). “Desde a idealização da persona Peixota eu me preparei pro tapa, e pra não sentir a dor que ele causa, mas sim aprender a desviar de mãos que não foram autorizadas a me tocar. Lido muito bem com as críticas e parto delas para o aperfeiçoamento e auto-conhecimento artístico, mas assim como todo artista LGBTQ+, acredito ser necessário discernir o que é crítica e o que é LGBTfobia velada.”
Peixota classifica BH como uma cidade extremamente LGBTfóbica, além de racista, machista e etc; e assume perceber, por diversas vezes, cochichos ou apontamentos em sua direção. Com um trabalho tão marcante e forte para o combate de todo esse preconceito, o artista acredita que a resistência acontece em diversas formas, desde arte a um andar de mãos dadas na rua. “Inclusive faço questão da demonstração de afeto com meu namorado, porque o amo e porque acredito que com as mão unidas somos ainda mais fortes.”
“Ei, Amigo” em vídeo
Na segunda (15/07), o clipe de “Ei, Amigo” foi lançado no YouTube e o trabalho foi todo feito de forma colaborativa no apartamento onde Peixota mora atualmente. A produção do vídeo ficou por conta de Israel Oliveira e Renata Assis.
No vídeo, a câmera é colocada no lugar do “amigo” que é citado na música, com o objetivo de inserir o espectador no mesmo lugar, sentindo na pele como é a relação com o preconceito que os LGBTQs sofrem todos os dias.
Assista:
@bsurda
No sábado (04/08), a bsurda realiza no Granfinos um evento bem legal que reúne seis artistas LGBT’s de BH. Peixota está entre os artistas, juntamente com Anjxs, Azizi MC, Jimmy Andrade, Rodrigo Roséc e Teffy Angel.
Virginiano, metropolitano de Ibirité, mas com a vida construída em BH, jornalista recém formado e apaixonado pelos rolês culturais da capital mineira. Está perdido no mundo da internet desde quando as comunidades do Orkut eram o Culturaliza de hoje. Quando não está com a catuaba nas mãos, pelas ruas de Belo Horizonte, está assistindo SBT ou desenhos no Netflix.
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