Uma dica super especial para quem curte fantasia!
Durante muito tempo, a literatura fantástica foi quase que completamente importada. Os brasileiros consumiam o gênero em livros que vinham dos Estados Unidos e da Europa com nomes como J. R. R. Tolkien com suas incríveis histórias, seus elfos, hobbits, magos e anões, e, no final da década de 90, só se falava na escritora britânica J.K. Rowling com sua saga de sucesso, Harry Potter.
Com a chegada dos anos 2.000, a realidade foi sofrendo alterações e, hoje, o Brasil tem uma leva bem interessante de autores que dedicam suas páginas à literatura fantástica. É o caso do carioca, Eduardo Spohr, um dos mais importantes nomes do gênero no Brasil. Mas, não pense que a trajetória de Spohr na literatura fantástica foi fácil. Seu primeiro livro, “A Batalha do Apocalipse”, foi rejeitado por diversas editoras e a publicação só se tornou possível após a história ser publicada de maneira independente e vendida no portal Jovem Nerd.
Reza a lenda que Eduardo Spohr teve a oportunidade de conhecer o mundo e culturas diferentes por meio de viagens com os pais: um piloto de aviões e uma comissária de bordo. Nascido no Rio de Janeiro, o autor se formou em jornalismo e se especializou em mídias sociais. Para os nerds de plantão, Spohr está sempre participando do NerdCast, o podcast do site Jovem Nerd. Além disso, lá no Twitter, o autor é presença frequente e responde e interage bastante com a galera.
O que mais me encanta na literatura de fantasia é a capacidade de se sentir incluído num mundo paralelo, numa realidade diferente, mais empolgante. Não é só sonhar com um grande amor, é sonhar com todo um mundo criado a partir da imaginação do autor e, muitas vezes, querer ficar por lá. Para que esse “objetivo” seja cumprido, é importante que o autor entenda de seu universo e crie algo que, em algum momento, tenha ligação com o real. Parece confuso, mas é até simples entender a questão. O difícil mesmo está nas mãos do autor, que tem a missão de fazer todas essas conexões e, ainda sim, deixar sua história atrativa.
Talvez por sua experiência com o RPG, que proporciona uma vivência com outros universos por meio do jogo, ou simplesmente por sua capacidade criativa, não saberia dizer ao certo, mas os livros de Eduardo Spohr têm um ponto forte nas ambientações, você consegue “visualizar” os cenários. O que, sem dúvida, é essencial para uma boa história fantástica. Em alguns momentos, o autor detalha tanto as locações e os personagens que me recordei da minha rotina com “O Hobbit”, de Tolkien. Demorei muitas horas para dar fim à leitura e fiquei muito apaixonada por aquele universo do escritor britânico. Não foi diferente com a história escrita por Spohr. A primeira vez que li “Filhos do Éden, Herdeiros de Atlântida”, minha primeira experiência com as obras dele, tive a grata surpresa de descobrir que o escritor era brasileiro e, desde então, Spohr se tornou meu autor nacional favorito.
A dica de hoje será: Filhos do Éden: Herdeiros de Atlanta
Sobre a história, meu destaque vai para os personagens, em especial Denyel, o mais incrível e complexo. Mas, antes de falar sobre ele, vamos ao início da história que resultou em uma trilogia e terminou na “Batalha do Apocalipse”. “Herdeiros de Atlântida” começa com a busca de Urakin (um querubim: anjo guerreiro com poderes baseados em força, percepção, furtividade e rapidez) e Levih (um ofanin: anjo da guarda. A casta é formada por seres bondosos, que vagam no plano astral ajudando os seres humanos. Eles são capazes de controlar emoções) por Kaira, centelha divina da casta dos ishins (celestes responsáveis por governar as forças elementais: fogo, terra, água e ar). Na Terra, durante uma missão designada pelo Arcanjo Gabriel, Kaira e Zarion, seu querubim protetor, são atacados. As memórias da celeste são retiradas e substituídas. Sendo assim, Kaira agora vive a vida de Rachel, uma estudante da Universidade de Santa Helena, no Rio de Janeiro, e não faz a menor ideia que é um anjo.
É importante dizer que outras histórias são contadas em paralelo à procura por Kaira. No céu, confrontos encabeçados pelos arcanjos e irmãos Miguel e Gabriel, agora inimigos, dividem os anjos em grupos rivais. Além disso, somos apresentados ao Primeiro Anjo, líder dos sentinelas (grupo de anjos designados diretamente por Deus para ensinar, guiar e cuidar dos seres humanos), que busca vingança após a casta ser punida por se recusar a tomar parte nas catástrofes antigas para extinguir a raça humana.
Voltando à Kaira, Urakin e Levih, em determinado momento, o caminho deles se cruza com o de Denyel, um querubim, ex-espião em busca de anistia, e que vive na Terra. Personagem misterioso e visivelmente cercado de segredos, Denyel ganha destaque ainda maior nas páginas do segundo livro da trilogia, “Anjos da Morte”. Juntos, o grupo de anjos parte para uma jornada que os levará às ruínas da maior nação terra, anterior ao dilúvio, o reino perdido de Atlântida.
É necessário ressaltar que as castas angélicas são bem importantes e o entendimento sobre elas é essencial para a compreensão de momentos pontuais da história. Para facilitar a vida do leitor, Eduardo Spohr nos brinda com informações sobre os anjos e os demônios, um glossário explicando termos usados durante o livro, além de detalhes sobre os personagens. Tudo isso, ao fim de um livro que tem História, fantasia, pontos religiosos (mas, não é um livro sobre religião, é bom ressaltar), aventura e confrontos. Nas entrelinhas, percebemos que existe um trabalho de pesquisa na construção dos personagens, ambientações e narrativa.
“Herdeiros de Atlântida” é o início de uma história que se desenvolve e tem ramificações surpreendentes, com o surgimento de novos personagens, mergulhando na mitologia e aprofundando ainda mais em críticas e questões históricas.
Confira a resenha dos volumes 2 e 3 da série clicando aqui
As informações sobre as castas angélicas foram retiradas do livro “Filhos do Éden, Herdeiros de Atlântida”.
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