Há segredo
E não que haja segredo escondido
Não se trata de desvendar
Ahhh
Essas pessoas que acreditam segredos desvendáveis
Se fosse assim
Já não era segredo
Já era
O segredo sempre já era
Nas curvas dessas escritas
Construções de paisagens
Em que sorria um Niemayer
De dentro das janelas namoradas
As árvores se contorciam ante o dia
E o segredo no crepúsculo
Sabia que segredo é crepúsculo?
Sabe lá se dia ou noite
Sabe que curvas
Esbeltas ante meus olhos segredosos
Por onde choro
Pouco vejo
Uma vez que guardo em segredo
O mesmo que me atiçou
Quando toquei suas curvas
Me perdi de olhos
Agora
Úmido
Mudo
Choro
E espero a primavera
Enquanto suas curvas sussurram depois do amor
Em segredo…
Poema de Bernardo Nogueira
Foto: Wagner Correa
Instagram: Café de Imagens