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Luiz, Câmera, Ação: Nosso lugar é em Elysium

Filme: Elysium

Ano de lançamento: 2013

Gênero: Ficção científica, ação, suspense

País: EUA

Diretor: Neill Blomkamp

Trailer: 

 

Imagine morar em um lugar em que existe a cura para doenças de qualquer tipo e onde a solução para a morte é uma realidade. Se você estivesse com apenas cinco dias de vida, faria de tudo para entrar nesse habitat, resolver seu famigerado problema de saúde e conseguir a eterna longevidade? Pois então, esse lugar se chama Elysium, uma estação espacial na órbita do nosso planeta, na qual os milionários vivem, em 2154, numa espécie de condomínio de luxo sem nenhum tipo de contato com os humanos pobres e desprovidos que habitam a Terra decadente, devastada e miserável.
 
É essa desigualdade social gritante o mote do filme de Neill Blomkamp “Elysium”, disponível na Netflix e que, em 2013, conquistou os brasileiros nas bilheterias de cinema por vários motivos. Eu posso te apresentar alguns, a começar por Matt Damon, o protagonista, que segura a ficção científica com o poder de um hollywoodiano nato. Max, seu personagem, é o tal que tem pouquíssimo tempo de vida após ser exposto ao mais alto nível de radiação. Desde o início do filme, ele já demonstrava ter a predestinação para mudar o mundo, mesmo tendo um passado errante. Com o desenrolar das cenas, acompanhamos a saga dele numa terra de injustiças, o que abre a reflexão para a desigualdade social. Se todos nós teremos algo especial reservado nesta vida – algo para o qual já nascemos direcionados –, como salvar o mundo se a sensação de estar sendo devorado por ele é cada vez maior?
 
Temos a mania de reclamar, de nos angustiar, de apontar erros, de dizer que fomos injustiçados, de ficar na defensiva, de simplesmente sofrer… Mas quem somos nós para medir nossa dor individual e compará-la com a de um ser humano com menos recursos? Chorar e “sentar em cima do rabinho” é fácil, quero ver segurar a onda do mais fraco, do miserável, daquele que realmente tem motivos para as lágrimas escorrerem e precisa mesmo ganhar um lugar numa órbita de luxo. E falo isso pensando só na vida real. Já parei de falar do filme há muito tempo…
 
A luta pelo poder é outra peça-chave de “Elysium”. Na trama, a imponente Jodie Foster é o retrato de como o poder pode deixar o ser humano egoísta e obcecado. A secretária de segurança é a frieza em pessoa, e sua função é não recuar, pois acredita que sua raça é mais desenvolvida e que o habitat de Elysium deve ser preservado. Pura hipocrisia! O sol nasceu para todos. Por que não dividir seus raios e luzes da mesma forma que compartilhamos o ar que respiramos? Veja bem, também não estou falando mais do filme.
 
Mesmo com toda essa divagação primordial, Damon e Foster não são o centro das atenções, pelo menos para nós, brasileiros. A atriz Alice Braga chega a sua maturidade na carreira em “Elysium”, fazendo a mocinha do longa com a presteza e o talento dignos de aplausos. E se as palmas para a brasileira que já fez mais de dez filmes internacionais são certeiras, imagine para um ator que saiu das novelas da Globo e estreou com todos os pés direitos possíveis nesse filme. O nome dele? Wagner Moura. Dinâmico e dominador, o cara atua tão bem que até um sotaque diferenciado ele criou, elogios de Matt Damon ele arrancou e status de estrela nos EUA ele arrematou. Spider, seu personagem, é uma espécie de coiote do futuro, tentando levar os desprovidos ao mundo novo. Dá um prazer danado ver dois grandes atores brasileiros com papéis imprescindíveis do início ao fim de uma produção de tal grandeza. A vontade que tenho é de ser amigo deles, cumprimentá-los pelo trabalho bem-feito e pedir ajuda para finalmente chegar a Elysium. E olha que eu já parei de falar do filme há muito tempo, hein?!
 
 
“Luiz, Câmera, Ação” é publicada neste espaço toda sexta-feira!
 

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Charles Douglas
Virginiano, metropolitano de Ibirité, mas com a vida construída em BH, jornalista recém formado e apaixonado pelos rolês culturais da capital mineira. Está perdido no mundo da internet desde quando as comunidades do Orkut eram o Culturaliza de hoje. Quando não está com a catuaba nas mãos, pelas ruas de Belo Horizonte, está assistindo SBT ou desenhos no Netflix.