Cinema Colunas Luiz, Câmera, Ação Resenhas

“A Odisseia dos Tontos”: Unidos, eles não têm nada de ‘tontos’

“Segundo o dicionário, ‘tonto’ é uma pessoa lerda, a quem falta esperteza e astúcia. E sabemos que o trabalhador, honesto, o tipo de pessoa que cumpre as normas, acaba sendo sinônimo de ‘tonto’. Mas um dia, o abuso ao qual nós tontos estamos acostumados, transforma-se num verdadeiro tapa na cara, e aí a gente diz: ‘Basta!’”. É assim que o argentino Ricardo Darín, protagonista de “A Odisseia dos Tontos”, inicia na narração do mais novo filme do diretor Sebastián Borensztein (“Um Conto Chinês”), em cartaz nos cinemas. É a partir dessa cena inicial, um flash back seguido de uma grande explosão, que ele e outros personagens vão mostrar que de tontos eles não têm nada!

 

Trailer:

 

 


 

 

 

Em uma pacata cidade do interior da Argentina, durante a crise econômica de 2001, um grupo de moradores decide reunir a quantia de dinheiro necessária para comprar alguns silos abandonados em uma propriedade agroindustrial e montar uma cooperativa. Mas, mesmo antes de poderem executar o projeto, um golpe faz com que eles atinjam o fundo do poço e reajam diante da injustiça. Essa odisseia de um grupo de pessoas tentando recuperar o dinheiro que lhes foi roubado, que vai mostrar o valor dos laços familiares e fraternos, tinha tudo pra ser uma história chata e vagarosa. Mas não… o senso de humor do diretor é essencial para deixar o longa ágil e bem divertido. Apesar do tom melancólico que pessoas que foram passadas pra trás carregam, o riso é fácil e faz a alegria dos injustiçados.

 

Fazendo uma nítida comparação, é claro que você já viu “Relatos Selvagens” (2014), né? O filme, que inclusive também tem Darín no elenco, reúne seis histórias de vingança vividas por personagens que são confrontados com situações que os deixa à beira de perder o controle. Em “A Odisseia dos Tontos”, há também um sentimento generalizado de se fazer justiça com as próprias mãos, e isso mantém o espectador aficionado pelo desfecho feliz. Porque, na verdade, ninguém quer ver um fraco (ou tolo) ser diminuído ainda mais.

 

E é essa empatia que dita a boa movimentação da narrativa. Com uma trilha sonora envolvente, a produção hispânica-argentina mostra como grandes acontecimentos têm a capacidade de impactar cada indivíduo – e como, unidos, esses indivíduos são muito maiores.

Deixe o seu comentário

Luiz Cabral
Palpiteiro de plantão, Cabral é, atualmente, responsável pelas colunas SuperDicas (@superdicasbh), com sugestões de gastronomia e diversão na capital; Nossas Histórias, com textos de cotidiano e comportamento; e Luiz, Câmera, Ação – www.luizcameraacao.com, com indicações de filmes e reflexões sobre o que a magia do cinema faz nas nossas vidas. A sétima arte, inclusive, é a sua maior paixão. Aqui neste espaço ele vai narrar, com sensibilidade e crítica, como um filme pode ser muito mais que duas horas de diversão na poltrona do cinema.