Neil Young, Bob Dylan, Joni Mitchell e outros nomes influenciam “Bottle It In”
Depois de Bob Dylan, Neil Young, Joni Mitchell, Cat Stevens, James Taylor, The Birds e Jethro Tull, poucos nomes da cena “Folk” conseguiram êxito na música mundial. Beck, Belle & Sebastian e alguns outros nomes fizeram bastante barulho nos anos de 1990, mas foram deixados de lado pelo modismo das “Boy Bands” que estouraram no mundo todo. Na primeira década dos anos 2000, o estilo se manteve com James Blunt e Jack Johnson, mas eis que 2018 chegou para ser a salvação do Folk. Isso, por que novos nomes surgiram como uma “Fênix”, a começar por Isaac Gracie, Hudson Taylor (duo), Sarah Louise e o bem cotado Kurt Vile, cantor, compositor e guitarrista. Com muita excelência ele lançou “Blottle It In (2018)”, álbum que sela de vez sua entrada na carreira solo após dois discos na banda de Rock “The War On Drugs”.
A começar pelas fortes influências, Kurt Vile mostra que sua escola musical passou por grandes nomes. Os pais do Folk, como, Bob Dylan e também o incomparável Neil Young com certeza recheiam os pensamentos desse álbum. Entrelaçado pelo magistral dedilhado da guitarra e ótimas melodias, “Bottle It In (2018)” de Kurt Vile abre com a canção “Loading Zones”, que traz um som incrível nos levando por algum motivo, a uma viagem ao tempo, como se estivéssemos escutando “Blonde On Blonde (1966) de Bob Dylan ou mesmo Neil Young em “Neil Young (1970)”. Já na segunda canção “Hysteria” ele continua com o mesmo toque de violão. A letra é bem suave e tranquila. “Você não sabe que eu nunca te conheci. Mas eu, mas eu acho que te amo garota. Qual o seu nome? Rapaz, você conhece o diabo nos detalhes. É como garota que você me deu raiva. E eu não quero dizer talvez. Você não sabe que eu nunca te conheci”.
Dando sequencia em “Bottle It In (2018)” chegamos em “Yeah Bones” que traz mais animação e traços de “quase” um Country Rock, mas também algo bem próximo de Simon & Garfunkel em “Bridge over Troubled Water (1970)”. Uma música com traços de interior e pegadas do “Rock Rural”, expressão usada nos anos de 1970 no Brasil. Em “Bassakwards”, uma das memoráveis faixas do álbum (primeira lançada para a mídia), Kurt Vile traz toda a sua musicalidade, a se dizer pelo violão bem trabalhado. A letra é bem tranquila. “Eu estava na praia mas estava pensando na baía. Cheguei à baía, mas a essa altura eu estava longe. Eu estava no chão, mas olhando direto para o sol. Mas o sol se pôs e eu não consegui encontrar outro. Por um tempo. Porque porque era uma sensação de queimadura no peito. Para preencher o vazio. De uma longa noite sem ser vista, bem, o sol. Até a manhã. Até quando, bem, o sol renasce”.
Em “One Trick Ponies”, Kurt Vile mantém o estilo, mas ao invés de conversar com seu ouvinte, como nas canções anteriores, ele traz mais ritmo e melodias que cabem com certeza nas rádios de Rock. Na música “Rollin With The Flow” ele traz suavidade e ao mesmo tempo mostra que a idade não muda nossas raizes e pensamentos sobre o que gostamos e acreditamos. A letra é empolgante e o ritmo contagiante. “Como vai’? Uma vez foi um pensamento dentro da minha cabeça. Antes de chegar a trinta eu estaria morto. Mas de alguma forma e assim por diante eu vou. Eu continuo rolando com o fluxo. As pessoas disseram que eu mudaria de ideia. Eu endireitaria e ficaria bem. Ah, mas eu ainda amo Rock And Roll”.
Nas faixas “Check Baby”, “Bottle It In (faixa título do álbum)”, “Mutinies” e “Come Again”, Kurt Vile se aproxima de artistas conhecidos do cenário nos anos de 1990, como, por exemplo, Beck, em seu clássico álbum “Odelay (1996)”, um dos mais vendidos na época. A musica ” Where It’s At”, de Beck, aproxima o ouvinte a essas faixas de “Bottle In It (2018). Continuando o álbum, Kurt Vile traz “Cold Was The Wind”, “Skinny Mini” e fecha com (bottle back), uma espécie de experimentação musical ao qual ele apresenta batidas e sons ambientes. Algo bem “psicodélico” para um álbum da segunda década dos anos 2000, mas que funcionou muito bem.
Avaliação
De “Bottle It In (2018)”, indico algumas faixas que valem a pena serem escutadas com muita atenção pelos simpatizantes do Folk. “Loading Zones”, “Hysteria”, “Bassackwards” “One Trick Ponies” e “Rollin With The Flow” são em sequência as melhores do álbum em minha opinião. Quanto a avaliação de “Bottle It In (2018)”, avalio com cinco estrelas (avaliação máxima), pois, Kurt Vile, mesmo sendo um nome ainda pouco conhecido no cenário musical, consegue em “Bottle It In (2018)”, nos levar a uma zona de bem estar, talvez algo místico e confortavel de se ouvir. Um álbum conceitual e muito bem produzido também, já que traz Kim Gordon, Mary Lattimore, Stella Mozgawa, Barbara Gruska, Vincent Nudo, Cass McCombs, Joe Kennedy e Farmer Dave Scher, como músicos. A produção é assinada por Kurt Vile ao lado da banda The Violators com Rob Laakso, Peter Katis, Shawn Everett e Rob Schnapf. Já disponível no Deezer e também no Spotify. Vale a pena escutar.
Até a próxima Crítica Musical.
Crítica Musical é publicada neste espaço toda quinta-feira