Acostumada a processos que resultam na criação de uma dramaturgia própria, a Armazém Companhia de Teatro se volta agora para um outro tipo de processo, onde o que mais interessa é o seu posicionamento sobre a narrativa. Partindo da obra fundamental de Shakespeare, a Companhia retorna a capital mineira para apresentar, no Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube, o espetáculo HAMLET. A ideia geral da Armazém é encontrar um Hamlet do nosso tempo, cheio de som e fúria. Não numa atualidade forçada, mas ressaltando aspectos da obra que dialogam com esse coquetel de conflitos contemporâneos que vemos todos os dias jorrando nas grandes cidades do mundo.
Com 30 anos de existência, completados no fim de 2017, a Armazém Companhia de Teatro vem travando um complexo diálogo criativo com um dos melhores materiais dramatúrgicos da história. Hamlet é o príncipe da Dinamarca. Apenas um mês separa a morte repentina e inexplicável de seu pai e o novo casamento de sua mãe. O príncipe tem visões de seu pai, que afirma que foi envenenado pelo irmão, e exige que Hamlet se vingue e mate o novo Rei (seu tio e padrasto). Hamlet se finge de louco para esconder seus planos, e vai perdendo o controle sobre sua própria realidade no meio deste processo. Ou seja, a invenção teatral do século XVI de um príncipe que fingia loucura e o espírito inflamado do nosso século entraram inevitavelmente em colisão. Já não há mais fingimento. A loucura de Hamlet tornou-se a loucura do mundo.
Hamlet recebeu o Prêmio Cesgranrio de Teatro 2017, na categoria de Melhor Iluminação, além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Espetáculo, Direção, Cenografia, Iluminação, Figurino e Categoria Especial (pela Trilha Sonora Original), entre outros. “A montagem de Paulo de Moraes, enfatiza não apenas a semelhança entre a Dinamarca da ficção e o Brasil atual, mas também o poder letal daqueles que conseguem superar a melancolia e o desespero e resolvem agir”, enfatiza Lionel Fisher, crítico e jurado dos prêmios APTR e Cesgranrio.
Apesar da construção de espetáculos tão díspares e complementares como A Ratoeira é o Gato (1993), Alice Através do Espelho (1999), Toda Nudez Será Castigada (2005) e O Dia em que Sam Morreu (2014), a Armazém Companhia de Teatro segue sua trajetória sempre investindo numa linguagem fragmentada, que ordene o movimento do mundo a partir de uma lógica interna. Essa lógica interna é a voz da Armazém, talvez a grande protagonista do mundo representacional da companhia.
Abaixo mais informações sobre o espetáculo:
BH Recebe Versão cênica de Paulo de Moraes para a obra-prima HAMLET
Quando: 09 a 11 de Novembro
Hora: Sexta-feira e sábado, às 20h | Domingo, às 19h
Onde: Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube – Rua da Bahia, 2244, Lourdes
Quanto: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada)
– Desconto de 50% no valor inteiro na compra de até 2 ingressos para a força de trabalho e clientes do Cartão Petrobras