Próximo de completar seu aniversário de cinco anos, o Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB BH) traz à capital mineira uma das exposições mais comentadas nos últimos tempos no país. O CCBB-BH recebe a partir deste sábado, 14 de julho, mais de 80 obras do gênio Jean-Michel Basquiat, um dos mais famosos artistas norte-americanos, o visitante poderá conferir uma reunião inédita de quadros, desenhos, gravuras e pratos pintados pelo artista que até hoje exerce uma influência sem precedentes na cultura pop, mesmo considerando seu curto, porém intenso, período de atividade.
Morto aos 27 anos de overdose, filho de imigrantes afro-caribenhos, o nova iorquino Jean-Michel Basquiat (1960-1988) foi, de acordo com Pieter Tjabbes, curador da mostra, uma “personificação das transformações de sua cidade nas décadas de 1970 e 1980”. Sua técnica, inovadora para a época, mesclava sobre a tela elementos como colagens, cópias reprográficas, palavras e imagens da anatomia humanas – estas, inspiradas no livro Gray’s Anatomy, lido por Basquiat na infância, enquanto se recuperava de um acidente. O resultado, como sublinha Tjabbes, são “obras que refletem os ritmos, os sons e a vida urbana nova iorquina, sintetizando o discurso artístico, musical, literário e político da época”.
Além é claro de ser uma voz contra a discriminação, um dos raros artistas negros de sucesso, no contexto das artes plásticas, em um universo predominantemente branco. Em sua carreira, trouxe à tona a negritude e as vicissitudes e traumas experimentados pelos negros nos EUA. “Eu percebi que não via muitas pinturas com pessoas negras”, explicou o próprio Basquiat, fazendo um adendo depois: “o negro é o protagonista da maioria das minhas pinturas”.
A mostra que o CCBB organizou é a maior exposição de Basquiat já realizada na América Latina e está em turnê pelas quatro unidades dos centros culturais do Banco do Brasil desde o início do ano. Sua passagem pelos CCBB de São Paulo e Brasília foi motivo de sucesso de público e de crítica, reunindo milhares de pessoas. Em Belo Horizonte, ficará em cartaz até 24 de setembro. Em seguida partirá para o CCBB Rio de Janeiro, onde abre ao público em 12 de outubro e permanece até janeiro de 2019.
A retrospectiva montada pelo CCBB do artista conta com dezenas de obras sobre cada uma das de suas três grandes fases, a primeira, de 1976 a 1979, traça o seu início nas paredes do artístico bairro de Downtown Manhattan e metrô nova-iorquino, numa tag compartilhada com o amigo Al Diaz (SAMO, abreviatura da expressão Same Old Shit, ou Mesma Merda de Sempre) e que, em poucos anos, viria a revelar o artista mais adulado pelo mercado de arte de Nova Iorque. A segunda, entre 1980 e 1982, revela a influência da faceta multiartística de Basquiat no período considerado como o auge de sua produção. Nesta época, aventurou-se como músico da banda Test Pattern – depois rebatizada como Gray – e interpretou a si mesmo no filme Downtown’81, escrito por Glenn O’Brien e dirigido por Edo Bertoglio, para o qual também participou da produção da trilha sonora. Paralelamente, sua carreira de artista plástico ganhava notoriedade com a realização de sua primeira exposição solo, na galeria Annina Nosei, e elogios da crítica internacional.
É desta época que vêm algumas das peças de maior destaque da exposição, como Hand anatomy (Anatomia da mão, 1982), Old cars (Carros velhos, 1981), Selfportrait (Autorretrato, 1981), Do not revenge (Não se vingue, 1982) e Loin (Lombo, 1982). Muitos dos seus trabalhos desse período foram pintados em portas, esquadrias de janelas e peças de madeira que achava pelas ruas.
A última fase da retrospectiva – 1983 a 1988 – tem como destaque as obras de Basquiat em parceria com Andy Warhol. Os dois se conheceram em 1982 e, rapidamente, tornaram-se amigos, produzindo uma centena de quadros nos anos seguintes. Deste trabalho conjunto, o público de Belorizontino poderá ver de perto Heart Attack (Infarto, 1984), Thin Lips (Lábios Finos, 1984/85) e Two Dogs (Dois Cachorros, 1984).
Abaixo informações sobre a exposição:
Jean-Michel Basquiat – obras da coleção Mugrabi Chegam no CCBB-BH
Quando: De 14 de julho a 24 de setembro
Hora: de quarta a segunda, das 9h às 21h
Quanto: Entrada Gratuita
Onde: CCBB-BH |Praça da Liberdade, 450 – Funcionários