Com curadoria da historiadora e crítica de arte Marília Andrés Ribeiro, o Palácio das Artes receberá nos próximos dias a exposição artista mineira Teresinha Soares, que transita pela pintura, instalação, desenho, gravura e serigrafia.Será contemplado nesta exposição todos os anos de produção da artista e suas apropriações de
temáticas como o corpo e a sexualidade feminina, a identidade do indivíduo, os costumes morais, o consumo e a política. Em meio ao conjunto de 72 obras de cores fortes e vivas, produzidas durante as décadas de 1960 e 1970, a exposição conta com o consagrado álbum de serigrafias Eurótica e trabalhos emblemáticos da trajetória da artista, como as instalações Túmulos (1972-73), Bandejas (1971-2017) e o Altar do Sacrifício (1973), além de três séries inéditas de desenhos em preto e branco que remetem ao início da carreira.
Mineira de Araxá, Teresinha Soares irrompeu no cenário artístico com uma arte inquietante, libertária e crítica. Utilizando elementos da pop art e da performance, chocou a “tradicional família mineira” com seus objetos, happenings e desenhos eróticos, ocupando um lugar que, segundo as normas da época, era exclusivo dos homens. A artista criou instalações que convidam o público a interagir com as obras, celebrando a liberdade de expressão, a sexualidade, o amor, a vida e a morte – buscando, principalmente, reconhecimento pelos direitos da mulher.
A personalidade forte da artista retorna ao Palácio das Artes, local em que realizou um dos módulos de sua primeira performance, Túmulos, em 1973. Segundo Marilia Andrés Ribeiro, a exposição na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard é um verdadeiro manifesto “em prol da liberdade de expressão, da consciência da mulher e da defesa do meio ambiente”.
Ainda segundo a curadora, a arte de Teresinha Soares trata com leveza e vigor temas que são discutidos até hoje. “Fizemos um recorte a partir do conceito Corpo: o Corpo da Mulher e o Corpo da Terra. A partir desse panorama, selecionamos as obras de acordo com sua expressão artística, sem a preocupação de uma retrospectiva cronológica. O público terá a oportunidade de conhecer e apreciar a obra de uma grande artista mineira que teve um papel de vanguarda e de resistência no contexto da arte brasileira durante os anos 1960 e 1970, período da ditadura militar”, conta Marilia.
Nesta exposição o público poderá conhecer a série Eurótica (1970), conjunto de 32 serigrafias sobre papel, representativas do retrato nu feminino e masculino, a representação da sexualidade, temática frequente na obra de Soares, e destaque na mostra, que trará ainda pinturas, com traços precisos, frios, e cores chapadas, marcos na produção da artista. Outro assunto presente em suas obras, é o interesse dela pela morte, aqui representado com a instalação Túmulos, que engloba as performances Vida, Morte e Ressurreição; e Altar do Sacrifício, onde a artista faz um protesto contra a morte de nosso meio ambiente. Os happenings apresentados nas décadas de 1960 e 1970 em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, renderam à artista grandes polêmicas e plateias eufóricas.
Teresinha Soares, hoje com 91 anos, é pintora, desenhista, gravadora, escritora e poeta. Fez curso de artes na Universidade Mineira de Artes (UMA) em Belo Horizonte, em 1965, e o curso de gravura em metal no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com José Assunção Sousa, em 1966, entre outros feitos. A artista não realizará performances na íntegra, mas promete estar presente na abertura da exposição para interação com o público, oferecendo alguns insumos que fazem parte de suas instalações Túmulos e Bandejas. Feita pela primeira vez no Salão de Arte de Belo Horizonte, Túmulos tem como centro irradiador um objeto escultórico em formato de túmulo, com duas cruzes das quais saem torneiras de chope. As gavetas posicionadas abaixo guardam estruturas em baixo-relevo em formato de corpo, circundadas por linguiças, queijo e dentaduras. Bandejas é configurada por seis bandejas de madeira com recortes em formatos de corpo de mulher, preenchidas por diferentes grãos.
Abaixo informações sobre a mostra:
Exposição Teresinha Soares
Quando: 14 de abril a 1º de julho de 2018
Hora: De terça-feira a sábado – das 9h às 21h | domingos, das 16h às 21h
Quanto: Entrada gratuita
Onde: Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard – Palácio das Artes
Av. Afonso Pena, 1537, Centro