Desembarca em Belo Horizonte, no próximo dia 11 de abril, os mais de 300 trabalhos, alguns dos quais inéditos, assinados por Athos Bulcão, a exposição “100 anos de Athos Bulcão”, depois de passar por Brasília, onde fica a sede da Fundação Athos, o público da capital terá até o dia 25 de junho, para visitar a mostra que está no CCBB-BH.
Athos Bulcão está na brasilidade das cores, nos traços inconfundíveis dos desenhos, na personalidade das pinturas, na lógica imprevista das fotomontagens, na força dos cenários e figurinos, na relação univitelina entre arte e arquitetura, no sagrado e no profano, na explosão da azulejaria brasileira. Esse universo riquíssimo, presente na capital mineira em construções como o Edifício Oscar Niemeyer, ao lado do CCBB-BH, no Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais e na Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, compõe a exposição “100 anos de Athos Bulcão”, com curadoria assinada por Marília Panitz e André Severo.
André Severo afirma que combinando o viés cronológico com uma aproximação temática, a mostra aposta nos vínculos, mais ou menos evidentes, entre diferentes momentos da trajetória do artista e se estrutura a partir de núcleos de obras e estudos que se interpenetram e deixam evidente a diversidade conceitual e material que permeia toda o seu trabalho.
Dividida em núcleos, “100 anos de Athos Bulcão” vai além da arte da azulejaria: destaca também a pintura figurativa do artista realizada nos anos 1940 e 1950, antes de Brasília. – A série dos carnavais e sua relação com a pintura sacra é extraordinária – afirma Marília Panitz, ao destacar que Athos Bulcão utilizou uma mesma estrutura composicional para trabalhos sacros e profanos, citando como exemplo A Vida de Nossa Senhora, que está na Catedral de Brasília. A mostra contém ainda os croquis que Athos Bulcão fez para o grupo de teatro O Tablado, do Rio de Janeiro, os figurinos das óperas Amahl e Os Visitantes da Noite de Menotti, paramentos litúrgicos modernistas, grande acervo de seu trabalho gráfico e até os lenços que desenhou quando estava em Paris. Outro aspecto da exposição é a interatividade, desenvolvida a partir do caráter urbano e democrático da obra pública de Athos Bulcão inserida nas cidades. Através de um aplicativo criado especialmente para a mostra, o público será convidado a interagir e apropriar-se de projetos do artista.
“100 anos de Athos Bulcão” contextualiza a trajetória do artista, a conexão entre suas obras e um adensamento em sua poética. Da sua inspiração inicial pela azulejaria portuguesa, do aprendizado sobre utilização das cores, quando foi assistente de Portinari, até as duradouras e geniais parcerias com Niemeyer e João Filgueiras Lima, o Lelé. A secretária executiva da Fundação Athos Bulcão, Valéria Cabral, ressalta que para eles responsáveis por divulgar e preservar o legado do artista, é sempre uma alegria homenagear o talento desse homem discreto, preocupado especialmente em harmonizar e compor o trabalho do arquiteto na integração de sua arte, mas que também se engrandece quando envolvido em telas, tintas e pincéis, produzindo um dos mais destacados repertórios da arte brasileira.
Abaixo informações sobre a mostra:
100 Anos de Athos Bulcão
Quando: De 11 de abril a 25 de junho
Hora: de quarta a segunda – das 9h às 21h
Quanto: Entrada gratuita
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Praça da Liberdade, 450 – Funcionários