Quantas vezes me arremessei
Dos postes
Até a sacada do dia
Que me diziam seus olhos
Por quantos invernos esperei suas mãos
Lançado das nuvens para dentro dos seus caprichos
De tantas formas deixei a cidade desabar
Só para que me olhasse
Quantos voos partiram
E seus pés
Sem tocar os meus
Pela intimidade com que escrevo
As pontes
Suspensas
Parecem me ouvir
Concedem passagem
Em instantes de tempo estático
Redesenhamos as ruas
E em uma esquina acabei por me encostar na sua
Dança que outra vez
Avoava em mim
Depois de tantos lances
Dado que já não tinha mais asas
Senti que amar não é coisa de céus
Já estava de novo arremessado para dentro do seu novo apartamento…
Poema de Bernardo Nogueira
Foto: Wagner Correa
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