Poderia ser apenas uma
via uma vista para algum lugar
Aqueles locais dos quais não conseguimos deixar de olhar
Quem amamos
Furta-nos o senso
Faz também aflorar o sentimento
O senso, de sentir?
Com algum senso
Talvez andemos a esmo
E o senso mesmo
Esteja enquanto não direção
Saído de dentro
Quiçá devamos nos desviar
Em um dissenso
Que não se deixa furtar
Que também é de dois
Talvez melhor
Bisenso
Incenso
De dentro (in) para algum lugar
Desprovido de direções
Consinto em seguir essa via
De mãos várias
A tocar meu corpo e a me fazer andar
Viandantes todos
Sem uma via pronta
Talvez haja uma tentativa de dizer
Vá! por ali!
De novo os mapas
Que garantem o senso
Porém furtam os cheiros
E mantêm a rota pronta
Com um senso de direção
Enorme!
Que me obriga a olhar para o lado
Há um porta ali
Continuo minha peregrinação
Não há senso antes de sentir
Meu coração pulsa
Meus pés acompanham
Prefiro o jazz ao senso
Prefiro o samba
Em que me acendo
“Vai passar nessa avenida
um samba popular
cada paralelepípedo da cidade
esta noite vai se arrepiar”
Fotografia e poesia: Bernardo Nogueira