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“O Grande Mentecapto” – Fernando Sabino

Quais as justificativas que as pessoas dão para não ler os clássicos da literatura brasileira? São grandes, difíceis de ler, compreender, assimilar ou de se identificar com a história. Concordo! Alguns são assim mesmo e até para o leitor mais experiente fica difícil encarar os nossos clássicos com a avidez e o bom humor que lemos os livros atuais, sobretudo os estrangeiros. Mas a dica de hoje joga todos esses estereótipos por terra.

 “O Grande Mentecapto” foi concluído em 1979, quando o brilhante e querido S2 Fernando Sabino, encontrou o começo da história de Geraldo Viramundo em meio a alguns papéis velhos.  Sabino precisou apenas de 18 dias para finalizar aquele que seria um dos principais romances da literatura brasileira e dispensa apresentações e elogios. Com dezenas de livros publicados é um dos mais importantes escritores da literatura brasileira. Ler Fernando Sabino é uma honra e uma obrigação para qualquer um que se determina “leitor” neste país. Antes de criticar por que não experimentar?

 

“O Grande Mentecapto” narra as peripécias de Geraldo Boaventura vulgo Viramundo enquanto percorre Minas Gerais enfrentando os tombos que a vida insiste em lhe dar. Sabino narra de uma maneira cômica as aventuras e desventuras desse “Dom Quixote” mineiro que, desde a infância, já teve que se virar para sobreviver. O livro é todo ambientado em Minas e, por isso, é muito fácil se identificar com situações, cenários, histórias, trejeitos e costumes típicos do nosso estado. Ele encara o trem que passa na cidade de Rio Acima, entra no seminário em Mariana, se apaixona em Ouro Preto, foi internado em um hospício de Barbacena, participou da cavalaria em Juiz de Fora, passou a noite com um fantasma em Uberaba e na capital participou da insurreição na Praça da Liberdade.

 

Todos os episódios da vida de Viramundo são narrados em uma linguagem popular, recheadas de humor e realismo. Sabino consegue descrever o cotidiano de uma forma tão brilhante que você se sente inserido na trama, cúmplice e amigo do personagem. Quero ressaltar a dedicação do escritor com o leitor, sempre parando a narrativa para explicar ou comentar algum acontecimento. No final do livro, ele fez questão de informar o destino de cada personagem que passou pela vida de Viramundo, desde o cavalo tordilho até o fantasma de uma casa em Curvelo.

 “O Grande Mentecapto” é um livro simples e despretensioso, com uma mensagem forte sobre como enfrentar e vencer a vida do jeito que dá, mas com honestidade e coragem. É um clássico com uma pitada popular, em que a leitura flui com facilidade e prazer. O livro é pequeno e as histórias são ao mesmo tempo comoventes e engraçadas. Eu dei muitas risadas com o personagem. Se no dicionário mentecapto significa louco, para mim ele é um homem justo, um brasileiro que precisa vencer os obstáculos diários para sobreviver neste país.

 

Não tem desculpa para não ler esse clássico!

 

Motivos para ler “O Grande Mentecapto”, do escritor Fernando Sabino:

  • É cômico;
  • É mineiro;
  • Leitura é ágil;
  • Linguagem popular;
  • Livro pequeno.

Esta coluna é publicada aqui, todas as segundas!

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Elis Rouse
Sou Elis, não sou Regina; sou do interior e amo a capital; sou jornalista, mas não trabalho em jornal; amo ler, sonho escrever; dicas vou dar, dicas quero receber; experiências vamos trocar; literatura brasileira vamos amar!

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