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Crônica: Silêncio para minutos de música

Dinorá e Eriberto moram em um apartamento localizado no centro da cidade. Apartamentos antigos e espaçosos. Tão grandes, que no apartamento da Clarice, vizinha da frente, tem um piano de cauda.

E por conta disso, todas as noites de sextas-feiras são esperadas com harmoniosa beleza. E hoje, é dia! O casal senta na rede da varanda com taças de vinho nas mãos a espera do iniciar do miniconcerto naquele apartamento todo branco com quadros em cor.

Como nos teatros, três sinais eram esperados alertando a plateia da beleza que estava por começar.

Primeiro sinal: Clarice acendia velas pela sala e seus amigos sentavam em cima das almofadas estrategicamente colocadas no chão.

Segundo sinal: O gato peludo pulava para a janela jogando seu rabo para fora da tela protetora e ao movimentá-lo anunciava as primeiras notas.

Terceiro sinal: A musicista dava um gole em seu vinho e com uma leve tosse iniciava o sarau.

Uma composição de Bach foi a primeira a ser ouvida, de seis ou dez esperadas, de outros compositores pertencentes a música erudita. 

Toda sexta-feira à noite era assim… Dinorá e Eriberto se silenciavam e só trocavam olhares. Um momento de silêncio das vozes para o sonoro movimento musical.

No dia seguinte, quando encontravam com Clarice a espera do elevador, não falavam nada, apenas sorriam, e agradeciam com assovios as canções da noite anterior!

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