Jamais pensamos que nos dias atuais encontraríamos um achado como este: um cinema de bairro! Um casarão antigo aberto para a sétima arte como não se via há um longo tempo!
Dinorá e Eriberto estavam na fila esperando abrir a bilheteria para comprar os ingressos para a próxima sessão.
– Tá sentindo o cheiro de pipoca e do amendoim coberto com açúcar cristalizado vindo daquele carrinho do senhor de bigode branco? – pergunta Dinorá.
– Quanta saudade de ver estes pipoqueiros e seus carrinhos na porta do cinema dando mais charme ao encantamento do cinema de rua… continuou.
Já com uma mistura de pipoca salgada e doce nas mãos, pronta para saboreá-la, Dinorá mais uma vez, observa:
– Espie a fila se formando do lado de fora ao ar livre! As pessoas com folhetos dos filmes em cartaz para escolher um para assistir!
– Espero que este cinema fique por aqui como está e não volte a ser um estacionamento ou outro assunto comercial, e sim, cultural! pede Eriberto.
Bilheteria aberta, ingressos comprados, uma parada na cafeteria e na pequena simpática livraria, ambas localizadas no jardim do casarão.
A sala do cinema se abre e se pode ver lá dentro a cortina escondendo a tela, as cadeiras de madeiras com seus assentos acolchoados à espera do público e um lanterninha a postos caso precisassem dos seus serviços. Um baleiro começou a passar pelos corredores…
Numa pequena janela, no fim da sala, o projetista preparava o rolo do filme no projetor enquanto todos se acomodavam.
Depois de um curto tempo, as luzes foram diminuindo, a cortina se abriu. Dinorá se pegou observando a arquitetura do casarão e disse:
-Agora somos parte da história!
A luz se apagou, Eriberto entrelaçou a sua mão na dela e, como na canção de Rita Lee, “chupavam drops de anis”, e se desejavam um bom filme.