Rô Mierling, mais um nome que soa americanizado, mas que é brasileiríssimo da Silva, essa é a primeira surpresa de tantas que o livro apresenta. Rô também é colunista e roteirista, já publicou seis livros e recebeu diversos prêmios pelos seus contos e crônicas. “Diário de uma escrava” saiu da plataforma Wattpad, depois de mais de 1 milhão e meio de leituras, direto para as páginas da editora Darkside, uma das minhas favoritas. Ganhou capa dura, marca página personalizado e páginas com bordas coloridas, todo o capricho que a editora tem com as suas obras.
“Diário de uma escrava” conta a história de horror vivida por Laura, uma jovem sequestrada e mantida em buraco pelo seu sequestrador, um homem normal para os padrões da sociedade, “de família”. Estevão é casado, trabalhador e vai à igreja, uma fachada perfeita para encobrir o psicopata que habita nele. Como todo maníaco, Estevão não tem limites e ao longo do livro vai acumulando vítimas e atrocidades. Laura apesar de mantida viva pelo Ogro, apelido que ela dá ao seu sequestrador pelas semelhanças com um animal, é estuprada constantemente, além de sofrer violência física e psicológica de todas as formas imagináveis. O livro começa com Laura já em 4 anos de cativeiro, o desejo de vingança e fuga ainda fixos na sua mente. Com o passar do tempo percebemos algumas mudanças em Laura que luta para manter viva a memória daqueles que deixou para trás, alheia ao fato de que a liberdade parece cada mais distante. Cintia, Linna, Laura, Fernanda, Samantha, e tantas outras não identificadas, tiveram suas vidas, sonhos e futuro roubados pelo maníaco das donzelas. Por onde passa Estevão destrói sonhos e devasta famílias, tão naturalmente como se estivesse comprando pão na padaria.
Rô Mierling criou uma narrativa perturbadora, utilizando de casos reais, relatos de vítimas, reportagens e livros para construir o “Diário de uma escrava”. É muito real e doentia a visão do sequestrador, e surreal a visão da vítima, que com o passar do tempo começa a aceitar a realidade que lhe foi imposta. É um relato muito forte e sinceramente, tive que parar algumas vezes para refletir, tomar fôlego e continuar. Não é meu tipo favorito de literatura, mas fiquei tão abalada que tive até pesadelos. O que mais me chama atenção é a facilidade e a naturalidade com que Estevão apanha as suas vítimas e por este motivo decidi indicar este livro. Ler “Diário de uma escrava” é questão de utilidade pública. É um alerta para pais e filhos, mulheres em geral, de que existe pessoas assim no nosso meio, à espreita, esperando apenas o pequeno ou grande descuido para atacar. Devemos ficar atentos e diante de qualquer suspeita denunciar.
Motivos para ler “Diário de uma escrava”, da escritora Rô Mierling:
- Baseado em fatos reais;
- Impactante;
- Alerta geral para a sociedade.
Esta coluna é publicada aqui, todas as segundas!
Envie seu e-mail para a colunista: [email protected]
Comments are closed.