Eça de Queiroz (1845-1900) será o tema da sessão do próximo Letra em Cena on-line, no dia 17 de agosto, às 20h, com transmissão no canal oficial do Minas Tênis Clube no YouTube. O curador do programa literário do Centro Cultural Unimed-BH Minas, José Eduardo Gonçalves, conversará com o escritor angolano José Eduardo Agualusa sobre a obra desse autor que viveu no século XIX, sendo o único romancista português que conquistou fama internacional na sua época. Eça é autor de obras importantes da literatura mundial, como “O primo Basílio”, que se tornou filme, em 2007, estrelado por Débora Falabella, “O mandarim”, “A relíquia”, “O crime do padre Amaro” e “Os Maias”, que tornou-se importante série da TV Globo, em 2001. O escritor, de acordo com Agualusa, “troçava da moral conservadora, atacava a igreja e, como todos os escritores seus contemporâneos, estava muito atento à literatura francesa”.
A carreira literária de Eça de Queiroz iniciou em 1867, com a publicação dos folhetins “Notas Marginais”, no jornal “Gazeta de Portugal”. Tais textos foram reunidos no livro “Prosas bárbaras”, lançado após sua morte. Sua obra tem como principal característica o cotidiano, com pitadas de ironia, humor e crítica social. Seus livros incomodaram a elite portuguesa na época de seu lançamento e ainda hoje causam desconforto. Agualusa diz que as obras de Eça “provocaram algum escândalo na altura da publicação. Hoje, com a emergência de um certo neopuritanismo e de um fascismo cristão, a obra de Eça de Queiroz continua a incomodar, e pelas mesmas razões. A grande literatura é sempre revolucionária”, afirma o escritor angolano. Que é um dos mais importantes escritores da língua portuguesa da atualidade. Sua obra foi traduzida para mais de 25 idiomas, e ele foi um dos finalistas do Prêmio Man Booker, em 2016, pelo romance “Teoria geral do esquecimento”. O escritor vê a literatura como um exercício permanente de colocar-se na pele do outro e os livros como território de pensamento.
Um ponto importante para ser observado na obra de Eça de Queiroz é que há questões pessoais envolvidas nas críticas que seus romances fazem à sociedade. Eça é fruto de uma relação de pessoas não casadas, e o matrimônio de seus pais aconteceu quando ele tinha quatro anos de idade. Esse fato influenciou sua obra, bem como a cultura brasileira vinda de seu pai e de uma ama tupiniquim. Agualusa aponta que “talvez mais interessante seja pensar até que ponto o fato de ter tido uma ama brasileira influenciou a sua formação cultural e a sua ligação ao Brasil. Talvez uma parte do seu humor e da sua ironia, sem equivalente na literatura portuguesa da época, venham daí”, observa.
Serviço
Letra em Cena on-line. Como ler Eça de Queiroz
Data: 17 de agosto, terça-feira.
Horário: 20h.
Transmissão: canal oficial do Minas Tênis Clube no YouTube (youtube.com.br/minastcoficial