A cena drag brasileira vem a cada dia ganhando mais espaço. Seja na música, no teatro, no cinema ou na TV… Nos últimos anos podemos ver essa representatividade estampada em vários lugares. Isso é muito bom e Reddy Allor é um dos nomes que vem conquistando o seu espaço nesse meio.
A persona criada pelo artista Guilherme Bernardes de 22 anos se destaca devido aos seus looks exuberantes, voz marcante e pelo estilo musical escolhido, o sertanejo, um meio tomado por pessoas cis e heterossexuais.
Com 10 anos de carreira, Guilherme sempre esteve envolvido no mundo da música por ter vindo de uma família muito musical. Além disso, antes de criar a Reddy Allor, ele fez parte de uma dupla sertaneja ao lado de seu irmão, Gah Bernardes.
O estilo sertanejo já estava presente em sua vida desde muito cedo e, por isso, traz muitas memórias afetivas. Ele lembra “Cresci ouvindo minha família cantando e depositando amor ao sertanejo, o que me fez amar e adaptar os sentimentos à essa realidade musical”
Seguindo nesse caminho, Reddy vem apresentando um trabalho singular e cheio de representatividade. Em janeiro deste ano, após trabalhar a divulgação de quatro músicas autorais, ela apresentou o primeiro EP sertanejo lançado por uma artista assumidamente LGBTQIA+.
A ideia do EP surgiu no início da pandemia, em um momento de fragilidade e autocríticas. A Reddy se torna real a partir de um grupo de amigos com o mesmo propósito: depositar verdade, amor e positividade em nosso trabalho. Não foi diferente quando tudo parecia perdido; um segurou o outro e decidimos que a partir daquele momento a nossa força seria ainda maior.
Chamado de “Ascensão”, o material, que já está disponível nas plataformas de streaming, é considerado o mais desafiador de sua carreira e “traz uma mensagem de evolução, crescimento e aprendizado por relatar desde vivências abusivas até a liberdade de fazer o que bem entender.”
Além disso, todas as músicas contam com clipes e fazem do trabalho uma obra totalmente visual produzida com um baixo orçamento (R$4 mil reais no total), o que não impediu em momento algum a qualidade e a animação de sua realização e divulgação.
Fomos atrás de patrocínios, amigos que ajudaram emprestando sapatos, perucas, roupas e até mesmo equipamentos
Essa mesma dificuldade é enfrentada por todos os artistas independentes no Brasil e não pode ser normalizada como é atualmente. Sempre defendemos a cultura por aqui e acreditamos na ideia de que todxs merecem espaço e precisam de investimento, porém essa luta é superada após as conquistas como as que ela vem alcançando. Uma delas foi a sua entrada em uma playlist oficial da Deezer (plataforma de streaming musical), a Radar Sertanejo, consagrando-se a primeira drag queen a fazer parte dessa seleção.
Com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo aqui e lá fora, a artista paulista reconhece o lugar em que ela ocupa e destaca a sua importância para a visibilidade drag e LGBTQIA+:
Por mais que eu ame o sertanejo, é óbvio que a estrutura social do ritmo muitas vezes agride diretamente as minorias, pregando muito sobre o machismo, LGBTQfobia, racismo, etc de forma oculta, como por exemplo uma “brincadeira”. O meu discurso não é sobre cancelar e sim educar, levar informação e fazer com que a evolução aconteça de fato. É claro que não se muda todo um movimento de um dia para o outro e isso exige tempo, paciência e principalmente persistência.
Você pode acompanhar o trabalho da artista por meio dos links abaixo:
INSTAGRAM: @ReddyAllor
TWITTER: @ReddyAllor
CANAL DO YOUTUBE: Reddy Allor
Foto em destaque: Guilherme Martinez (@guilerbe)