Leminski é um dos mais importantes representantes da literatura nacional. O curitibano foi jornalista, escritor, poeta, crítico literário, tradutor e professor, tendo publicado mais de 20 livros, entre romances, poemas, biografias e ensaios.
Publicado em 1986, “Guerra dentro da gente” é dedicado ao público infanto-juvenil e traz ilustrações do artista chileno, Gonzalo Cárcamo. A publicação da editora Scipione é bonita, e em formato maior que o livro tradicional.
Conta a história de Baita, um menino pobre, filho de lenhadores que mora em uma aldeia distante. Certo vez, enquanto cumpria os deveres diários, Baita se encontra com um velho sábio que lhe promete ensinar a arte da guerra.
O menino humilde, não pensa duas vezes, apesar de não compreender os enigmas do velho e também não poder pedir ajuda ao pai para desvendar os enigmas do sábio. É que Baita vive na bolha da aldeia, e não conhece o mundo, tão pouco o que é certo ou errado.
“Estorninho, nenúfar, vou perguntar ao meu pai. Se ele não estiver muito bêbado e não bater muito em mim e em minha mãe, vou perguntar. Quando eu crescer, quero ter uma mulher e um filho para bater bastante neles”. (pág.10)
Baita cria coragem, abandona a família, sem pensar duas vezes, e segue o velho sábio por terras desconhecidas. Em uma jornada de crescimento e autoconhecimento, é muito bonito ver o desenvolvimento do garoto franzino que se encanta pelo mar, a ascensão do guerreiro salvador de princesas. Longe da família, Baita experimenta de fato o sabor da guerra e as suas consequências que final das contas não poupa ninguém.
“_ Ninguém ganha uma guerra – dizia. _Numa guerra, todos perdem”. (pág.77)
A jornada de Baita é repleta de desafios, aventuras e muitos ensinamentos. Apesar de bem lúdica com direito a reinos, princesas, piratas, magos e até Estátua da Liberdade, numa terra onde o rei tinha liberdade para fazer o que quisesse, a obra traz grandes lições e reflexões para o leitor.
“Guerra dentro da gente” é sobre escolhas. Até onde você é capaz de ir por um sonho, e quando é a hora de abandoná-lo, mudar o curso da vida e quem sabe voltar ao começo de tudo.
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Esta coluna é publicada invariavelmente as segundas, porque às vezes o livro é bem grande (rs)
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