Dançarei enquanto buscas alento
No instante em que se vai
Meu pólen embaraça seu olfato
Por debaixo do sol
Queimo suas lembranças
Enquanto minha tez
Exibe-se a todos os passantes
Que me olham
Desejam
Alguns, abusados,
Me tocam
Finjo não gostar
Mas de dentro
Espalho líquidos secretos
Que são
Enfim, poções mágicas
Feitas desde sempre
Pelas bruxas que me conceberam
Gozo quando vejo colisões
Causadas pela distração dos que me veem
Enquanto isso
Torno-me aos céus
Onde escuto gemidos a me buscar
E quando cai em mim o tempo
Do inverno
Da chuva
Do sol
Deito em ti minhas raízes
E broto
Por dentro
E assim
Perdes o duelo
Me buscas como se buscasse a si
Eis o mistério de amar
B.
Poema de Bernardo Nogueira
Foto: Wagner Correa
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