Charles DouglasComentários desativados em Luiz, Câmera, Ação: Alfa
Filme: Alfa
Gênero: Aventura, drama Diretor: Albert Hughes
Trailer:
Queria que todas as amizades fossem assim…
A nossa relação com os animais é meio inexplicável, né?! Quantas vezes, desde quando era pequeno, escutei belas histórias emoldurando a real amizade entre o homem e um cachorro, um gato, um cavalo, até mesmo um passarinho… todas com seus níveis de envolvimento e interação, mas sempre com o mesmo teor de confiança e amor incondicional. É realmente fabuloso poder chegar em casa depois de um dia exaustivo e se comunicar não só com humanos, mas com animais, que parecem entender que suas últimas horas foram difíceis e, por isso, querem te animar. E quando você está feliz, então? A intenção deles é fazer essa sua felicidade explodir! É envolvente, viciante. É latente, gratificante.
Pois é… você que é alucinado com cachorros deve ser igualzinho a mim: sempre quis saber como começou essa relação de amizade e companheirismo quase hipnótica entre o homem e os caninos. E não é que fizeram um filme justamente sobre isso? Na aventura “Alfa”, do diretor Albert Hughes, em cartaz nos cinemas, o jovem Keda (Kodi Smit-McPhee, que viveu o Noturno em “X-Men: Apocalipse”) perde-se de sua tribo durante sua primeira grande caçada – ao cair de um penhasco e ser dado como morto – e tem de aprender a sobreviver sozinho num vasto deserto. Isso tudo há 20 mil anos, na era do gelo. Daí, uma alcateia tenta atacá-lo, e Keda fere gravemente um dos lobos. Ao reparar que ambos se tornaram seres solitários, o jovem com um bom coração salva o animal, e eles acabam por aprender a confiar um no outro. Para ultrapassar os inúmeros perigos e adversidades no caminho de volta pra casa, os dois percebem que juntos são mais fortes. E, mais do que isso, começam uma verdadeira relação de amizade.
A forma como a história é contada é quase didática. Em meio a mamíferos extintos, vastidões geográficas, céus infinitamente estrelados e uma narração triunfalista, a produção evoca tanto documentários da natureza quanto fábulas encantadas para crianças. A fotografia é tão fabulosa que parece que você está o tempo todo diante do descanso de tela de um computador. Só que isso às vezes funciona, às vezes não! É legal ver tomadas aéreas fantásticas e cenários de verão e inverno que chegam a parecer mentira de tão lindos, mas o excesso disso também cansa.
Assim como era de se esperar, a ligação entre os dois personagens é atraente e inevitável, e o filme não força esse acontecimento – ainda bem! Apesar de a produção demonstrar esse envolvimento de maneira lenta, e isso pode ser um pouco cansativo, é bom perceber que a confiança entre eles vai crescendo gradativamente, à medida que passam mais tempos juntos e precisam um do outro. É mais do que isso: na evolução da segurança e da credibilidade de cada um, a relação de amizade se fortalece, e é impossível não se identificar – principalmente vendo as expressões do lobo, que, propositalmente, lembram e muito as dos cachorros domésticos.
Apesar de a produção milionária encher os olhos, para mim, o filme tem um roteiro muito simples e pouco comovente. Esperava me emocionar mais, claro, mas talvez minha expectativa pelo deslumbre – por me envolver demais no mundo canino – possa ter atrapalhado. Porém, a aventura reforça tudo aquilo que tanto sabemos: os animais, em especial os cães, são nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a inveja, a maldade, a ira, o descontentamento, a crítica ou o tédio… Eles nos fazem nos sentir bem, amados, confiáveis, extraordinários! Eles não precisam de muita coisa pra viver, eles não ligam se você é rico, esperto ou se tem muito o que aprender. Eles amam seus amigos, mordem seus inimigos e, naturalmente, só querem te fazer crescer.
“Luiz, Câmera, Ação” é publicada neste espaço toda sexta-feira
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Virginiano, metropolitano de Ibirité, mas com a vida construída em BH, jornalista recém formado e apaixonado pelos rolês culturais da capital mineira. Está perdido no mundo da internet desde quando as comunidades do Orkut eram o Culturaliza de hoje. Quando não está com a catuaba nas mãos, pelas ruas de Belo Horizonte, está assistindo SBT ou desenhos no Netflix.
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