Grupo comandado pela cantora Lindsey Jordan lança “Lush”, álbum com 10 canções; Pristine, Heat Wave, Stick, Let’s Find An Out, Golden Dream e Full Control são os hits
Depois do Sonic Youth (grupo norte americano) poucas bandas do cenário Indie Rock conseguiram se destacar no meio musical dos anos de 1990 para cá. Talvez pela falta de criatividade, talvez por copiarem estilos já emplacados ou mesmo pelo desânimo de tentar agradar um público que já estava deixando de curtir o estilo. No entanto, com a massificação da música através dos aplicativos de música, lançamentos quase que instantâneos de hits, “ótimas” novidades deste cenário tem pipocado, como, por exemplo, o destacável grupo “Snail Mail”, comandado pela cantora “Lindsey Jordan”.
Com canções ligadas a memórias ainda recentes (um resgate sentimental da artista), o grupo acaba de lançar seu primeiro álbum “Lush”, produzido por Jake Aron, que vem com restigios do seu primeiro EP “Habit (2016)”. O som de “cara” já nos remete aqueles bons álbuns do Sonic Youth e The Smiths, mas também traz melodias mais arrastadas, como nos grandes clássicos de Neil Young. Mas existem críticos que comparam a vocalista Lindsey Jordan (Snail Mail) com Liz Phair, cantora-compositora norte-americana (premiada) e isso por causa dos seus álbuns “Exile in Guyville (1993)” e “Whip-Smart (1994)”. De fato o álbum parece uma viagem aos anos de 1990, não há dúvidas.
Com uma voz bem limpa, Lindsey Jordan vai nos conduzindo em “Lush” em uma “viagem de relaxamento” que não agride os ouvidos com sons pesados de guitarras ou mesmo baterias. A começar pela faixa “Intro”, bem tranquila e serena, uma espécie de capela. Em seguida temos a música “Pristine”, que traz guitarras ao estilo “The Smiths” na época do álbum The Queen Is Dead (1986) e uma letra bem saudosista e angustiada: “Nós podemos ser qualquer coisa / Mesmo separados … Quem está em sua mente? / Não há mais jeito de mudar / Eu ainda vou te amar do mesmo jeito“.
Em seguida a cantora acalma os ânimos com “Speaking Terms”. A música é mais tranquila e com batidas tão leves que chega a dar um “soninho” caso você esteja muito relaxado ao para ouvi-la. Em “Heat Wave”, o grupo Snail Mail remete nas leves guitarras uma pequena influência das canções mais lentas do Smashing Pumpkins na época do álbum “Gish (1991)”. Como um automóvel começando a pegar a velocidade e ao mesmo diminuindo para evitar acidentes, o álbum “Lush” vai crescendo e ao mesmo tempo diminuindo o ritmo. Em “Stick” a cantora traz uma conexão com as faixas anteriores, um cuidado incrível que a artista procurou ter para não estoar o som de “Lush”.
O álbum segue com “Let’s Find An Out” chegando a uma das grandes faixas do disco “Golden Dream”. Além do som bem agradável, traz na letra um alento de paixões antigas e que já não fazem parte mais de sua vida. “Eu não sou sua / Sabe quando eu quero dizer que eu não estou mais perdida“. O som continua quase que o mesmo em “Full Control” tanto na bateria quanto guitarras, algo que se amarra perfeitamente até o fim do álbum com a música “Deep Sea” e “Anytime”. Uma confirmação da plena versatilidade da cantora Lindsey Jordan.
Avaliação
Entre as faixas que mais gostei de “Lush” destaco “Pristine”, “Heat Wave”, “Stick”, Let’s Find An Out, “Golden Dream” e “Full Control”. São otimas! Não que eu seja tocado a músicas que demonstram angústias e paixões reprimidas, mas vi em “Lush” um retrato do bom som do final de 1980 e anos de 1990. Avalio com cinco estrelas (avaliação máxima), porque Lindsey Jordan passeia pelo disco encaixando guitarras bem diretas e explosões instrumentais que agradam muito aos ouvidos. Não se trata de um álbum agressivo, mas um disco que faz relaxar e ao mesmo tempo nos faz pensar em coisas boas. O saudosismo é latente em “Lush” e talvez seja essa a dica de Lindsey Jordan e do seu grupo Snail Mail para o ouvinte. Álbum disponível no Deezer e também no Spotify.
Até a próxima Crítica Musical.
Crítica Musical é publicada neste espaço toda quinta-feira.