Para quem conhece a Kéfera do seu canal do Youtube ou dos trabalhos como atriz, saiba que ela também escreve, já tem 3 livros publicados, inclusive figurando na lista dos mais vendidos.
Seu primeiro livro “Muito mais que 5 minutos”, foi publicado em 2015 pela editora Paralela e vendeu mais de 400 mil exemplares. Em 2016, Kéfera lançou, também pelo selo Paralela, o “Tá gravando e agora?, mais um sucesso de vendas. Em 2017, publicou sua primeira ficção, “Querido dane-se”, e não decepcionou.
Recentemente indiquei o livro “Traços” do booktube, Eduardo Cilto, e ressalto aqui a importância desses jovens que fazem sucesso na internet, influenciarem os seus públicos a lerem mais. Há muitas críticas acerca da literatura produzida por eles, inclusive um certo preconceito, mas acredito que essa é uma estratégia inteligente de levar a literatura onde os clássicos não conseguem chegar, por exemplo. Tá aí os irmãos Lucas e Felipe Neto, liderando a lista dos livros mais vendidos em 2018, segundo o site Publishnews
Esses jovens têm nas mãos uma grande missão em prol da literatura, talvez não tenham essa consciência, mas é importante que saibam disto uma vez que suas publicações, assim como os seus vídeos, alcançam tanta gente.
Voltando a dica de hoje, gostei muito da ficção da Kéfera. É um livro fininho, com uma diagramação diferente, com variação de cores, com capa e título criativos que se vendem automaticamente.
Querido dane-se, conta a história de Sara (Jussara), uma jovem alienada com a idade, que sonha obcessivamente em casar e ter filhos, antes dos 30. E isso não só influencia na sua autoestima, como atrapalha o andamento da sua vida. E tudo piora quando seu namorado de anos, termina com ela por mensagem no whatsapp. Além de lidar com o término, Sara teme ficar sozinha e terá que correr contra o tempo para realizar seu sonho na idade ideal.
Abalada com a situação, Sara tem o apoio da amiga Denise (adorei a personagem), e seguindo um conselho da terapeuta, começa a escrever um diário colocando no papel o seu dia a dia. Assim temos acesso a sua história. Embora às vezes, sobressaia o bom humor e nada de história.
10 de Maio: “Querido diário, Soooono e Netflix. Falou” (pág. 22)
Os diálogos entre a Sara e a Denise, são ótimos, dei várias risadas e as cenas entre as duas é muito “identificável” ao nosso cotidiano. Elas são estilistas, mas trabalham como costureiras em um grande ateliê. Frustrada com os relacionamentos e também na profissão, Sara precisa dar superar a solidão, e correr atrás dos seus sonhos. Esse é o momento ideal, repensar sua vida, seus conceitos, o que precisou abrir mão em função dos outros e focar em si mesmo. Apesar das paranoias, a Sara é divertida e espontânea, e lembra muito a Kéfera que conhecemos nos vídeos. É até difícil pensar na personagem e não a associar a sua criadora.
15 de Maio: “Oi diário. “Querido” é o cacete. Ninguém é “querido” aqui. Acordei achando tudo uma bosta.”. (pág. 42)
Vídeo da Kéfera apresentando o livro.
A propósito o livro é divertido, a história é leve, a linguagem é bem comum, e as referências super atuais, como Netflix, Whatsapp, Facetime, Whey Proten, e alguns vários palavrões que aparecem do nada e fazem completo sentido dentro da narrativa e da vida da personagem.
“Homem nenhum merece que eu deixe de me importar comigo mesma. Henrique? Caguei. Voltei para o banheiro, liguei o babyliss e ajeitei meu cabelo de uma maneira moderninha-descolada-já-te-superei.” (pág.42).
É livro jovem, escrito para jovens se divertirem lendo. Não espere algo profundo, e não compare com clássicos na hora de criticar, detesto isso. Cada livro é único e toca as pessoas de uma maneira diferente.
“Querido dane-se” traz ensinamentos pertinentes ao público do livro, fala sobre amor próprio, conquistas, descobertas e sobretudo superação. É um incentivo para vencer os obstáculos da vida, com bom humor, e muito trabalho.
A expectativa é que ela escreva mais e converta seus seguidores em ávidos leitores.
Uma crítica. Que suas próximas histórias venham de maneira linear e não em formato diário. Esse formato tira emoção da história.
Esta coluna é publicada aqui, todas as segundas!
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