Não inicia-se um poema
Sem ao menos vê-lo
Ao longe chegar
Mesmo que distante
O poeta aguarda
A vida mesma
Seria essa espera
Entre aquele atimo
Do tempo
Como se dão os orgasmos
Provocados sempre
Pela chegada
Aquilo que inicia
Com a vista de longe
Antes de amar
Vemos ao longe
A vinda
Do que chega
Tampouco importa gênero
Quando vem
Na exata ausência de régua
De medida qualquer
Alcança-nos por cima
Por baixo
E lança nossos corpos ao lado
Brinca feito o vento
Soprando palavras inventadas
Naquela noite em que a estação rodou
Era dia
Porém
Como já estava ali
À espera
Sempre que vem
O amor
Ou a flor
Tempo de depois
Anoiteceu antes que pudesse ver
Que esperei desde o ventre
Seu sopro em mim
B.
Poema de Bernardo Nogueira
Foto: Wagner Correa
Instagram: Café de Imagens