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Luiz, Câmera, Ação: A delicadeza do olhar, do descobrir, do amar

Filme: Me Chame pelo seu Nome
Gênero: Drama, Romance
Diretor: Luca Guadagnino
Trailer:

 

 

É tão bom quando você sai do cinema sorrindo, com a certeza de que assistiu a uma bela obra-prima. Ainda mais quando o filme é delicado, singelo, intenso, sensível, diferente de tantos disponíveis por aí… Fui ver o longa “Me Chame pelo seu Nome” e juro pra você que fiquei uns dois ou três dias pensando nele. Sério! A delicadeza do diretor Luca Guadagnino é um dos trunfos da produção – que, além de me deixar bem feliz por assisti-la, está agradando a dezenas de críticos em festivais internacionais e sendo cotada para grandes premiações neste início de ano.

 

É verão de 1983, e o cenário é o norte da Itália. A trama conta a história de Elio (Timothée Chalamet), único filho de uma família norte-americana com ascendência italiana e francesa. O garoto está passando mais um verão preguiçoso na casa de férias de seus pais, e, nesse cenário italiano apaixonante, Oliver (Armie Hammer), acadêmico que aparece para ajudar a pesquisa de seu pai, chega para despertar sentimentos ainda desconhecidos no jovem de 17 anos.

 

Não. Não estamos falando de mais um filme com a temática gay que chega cheio de clichês ou carregado de estereótipos. A partir do momento em que você percebe o flerte, aquilo que está acontecendo entre um e outro – e aquela revolução que vai atormentar o mais jovem –, você pode até imaginar o trivial ou o lugar-comum. Mas o roteiro vai além – e os personagens são muito mais do que isso.

 

A começar pelo menino Elio, tão cheio de dúvidas, mas tão cheio de si. Ele sente, se vê em meio a um turbilhão de sentimentos, mas não tem vergonha de nada. Ele peita, encara, questiona, assume o que quer sem medo, busca um lado desconhecido, deixando a curiosidade falar tão alto quanto o desejo insustentável que sente por aquela paixão singular. Tão alto quanto o amor que acaba de descobrir, que acaba de para sempre sentir.

 

Já o recém-chegado Oliver, o retrato do norte-americano intelectual e bon vivant, é mais dono de si ainda. Experiente, alto, bonito e inteligente, todos têm olhos para ele. Mas, desde o início, ele só tem olhos para o novo. Só que o novo, para o mais velho, não é tão novidade assim. Não é nada raro ou excêntrico. Oliver sabe o que está fazendo, o que está implicando ou proporcionado. Veterano e adestrado, ele sabe onde pisar, ele sabe conquistar. Porém, o que ele não sabia era que também iria se apaixonar.

 

Existia a incerteza e a indefinição. Não há mais, pois houve a confirmação por meio da ação. Os dois se entregam a uma experiência diferente, tentadora e inesquecível. Algo tão profundo que nem o mais novo nem o mais velho seriam capazes de mensurar. Uma jornada de amor perfeito, que mistura amadurecimento, dor e as delícias da juventude numa história mais que apaixonante.

 

“Me chame pelo seu nome que te chamarei pelo meu”. É assim, de um jeito tão íntimo e único, que eles se tornam um só. Uma plenitude e uma entrega que todo ser humano um dia sonha em nutrir, em desfrutar, em gozar.

 

Mas o mais delicado ainda estaria por vir. O foco aqui não é a fotografia peculiar, a trilha dos anos 80 singular, nem o gracioso foco de câmera particular. Quando a grande lição do longa surge por meio de uma frase familiar – “Nesta vida, só temos um corpo e um coração. Não desperdice, vá em frente!” –, é sinal que ninguém deve deixar o tempo passar. Pra ser feliz, basta ser você mesmo. Ou ser como o Elio, sem nenhum medo de errar.

 

“Luiz, Câmera, Ação” é publicada neste espaço toda sexta-feira!

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