Veja
Que ontem mesmo eu lhe dizia
Era antes do crepúsculo
O sol ainda havia pleno
E você ainda assim
Se esquivou
Esperou a água vir
E agora que já choveu
Vamos lá
Na embocadura do tempo
Verá que ali não resta nada
Tudo retém
Tudo esvai
Ao fim
Das águas
Talvez haja
Ali
Ao fim da prosa
Um lugar pra gente se esconder
Porque esse sol cansa até os peixes
Que descem fundo
Onde tem água fresca
Água dentro da água
Do mesmo jeito que gira a roda em volta de si mesma
E a igreja reza para se manter igreja
As nuvens escurecem para precipitar o que não seguram,
Venha
Está aberta essa passagem
O amor não é pra si mesmo
Ele aguarda no fundo,
Claro,
Em silêncio,
Crepuscular…
B.
Poema de Bernardo Nogueira
Foto: Wagner Correa
Instagram: Café de Imagens