Queria confessar
Poderia escrever um livro pra você
De quando você se doa a mim
Incessante
Sem parar
Feito animal
Cheio de cheiros
E úmido
Escorrendo pelo mundo
Querendo fecundação
Poderia escrever que você é selva
Selvagem feito sons da noite
Que dão medo
E são segredo
E que ao mesmo tempo
Se dão
Por completo
Pela manhã
Quando nasces pra morrer
Inteiro
Ao meio
ProfAno
Divino
Vadio
Invadido
Me chama
De dia
À tarde
Na cama
E no chão
Enrola-se feito raíz
Torna árvore
Me dá sombra
Fruta
E abriga meu amor
Em jeito de cores dos ipês
Que veem no inverno
Para atiçar de dentro
Verão
Eu posso te escrever pra sempre
Desde que nunca se desvende
Meu crepúsculo amante…
Poema de Bernardo Nogueira
Foto: Wagner Correa
Instagram: Café de Imagens