Todas as noites são navegadoras
Embarcado em si
Náufrago de mim
Em doação
Aporto
Sem portos
Ando por entre seus mapas
Esses que servem pouco a quem ama
Uma noite inteira não me cabe
Portanto
Solto as velas
E seu sopro
Poesia do dentro
Parece um riso de lua
Bússola de mim
Sinto saudades
É por isso que nós sabemos dela
Navegadores de nós
De braços dados
Namoramos até o meio da madrugada
Essa cria da noite
Que é ela
Dela, filha e irmã
Do mar em que te vi
Molhada quando rebentou em meu cais
De onde saio todas as noites
Nunca mais o porto
Esse local fugidio
Que acena em duas direções
Adeus e bem-vinda
Enquanto isso
Nas ruas que navegam
Espero-te em mim
Estarei aqui
Sempre que sair
Pois isso de amor e noite
É segredo
Só dá pra contar em alto mar
Onde tormentas nos avisam
Depois do bojador
Esperam-nos as mais aventurosas luas
Seja lua
E me encontre
Nesses rios sem fim
Que escorrem nos olhos de quem navega
Nunca mais fomos os mesmos
Eu lua
Você mar
Me colora até de manhã
“Mar e sol
Girassol…”
Poema e foto de Bernardo Nogueira.