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Crônica: Um toque de flor

Um homem usando terno branco passou em frente à casa assoviando uma canção … “parece com um samba cordão, dos bailes de carnaval em Ubá”. – disse a avó de Eriberto.

 

Pegou sua bengala e foi em direção à janela, com a expectativa de rever um rosto que morava em seu peito. Voltou-se para Eriberto, as mãos suavam o coração controlado, fez um pedido ao neto:

 

– Convide o belo moço parado em frente ao portão a entrar e tomar um café com pão de queijo.

 

Sem entender o motivo do pedido, mas vendo nos olhos da avó um reconhecimento do passado, o chamou.

 

O olhar da Dona Ruth, foi por conta do rosto jovem com características de lembranças do seu primeiro amor, o encontro foi em um baile de máscara no começo do carnaval.

 

Na varanda uma mesa de café estava arrumada e Dona Ruth sentou em sua cadeira de balanço e colocou no colo um antigo álbum de fotos.

 

Com gestos, pois a emoção não a deixou falar, apontou para uma figura desgastada, onde se pode ver um homem segurando uma flor, seu olhar trazia uma esperança.

 

– Sim, Dona Ruth, sou filho do Adjalme. Venho por um pedido do meu pai, seu último. – contou o rapaz.

 

E entregou um quadro com uma flor. Lágrimas começaram a invadir o rosto da boa senhora. A última vez que olhou para Adjalme foi de dentro do trem, ele se escondia em uma das pilastras da estação, com uma flor na mão, para dar seu adeus.

 

Apenas fez um desenho daquela imagem: o homem a se despedir de sua amada com um botão em flor, com a esperança em revê-la, mas sabia que o pai da moça não o deixaria chegar perto.

 

Por ordens do pai, Dona Ruth teve que partir para a capital.

 

Um amor interrompido por conta de bobagens de um tempo. Para o pai da moça, ele não era o homem ideal para ela.

 

Eriberto se emocionou ao se lembrar da história sempre contada pela avó e da flor nunca esquecida e que um dia seria entregue.

 

A primeira de muitas flores que Adjalme queria dar a ela. A primeira flor que Dona Ruth ganhava em toda a sua vida.

 

Ela amou o avô de Eriberto, mas não tão carinhosamente como queria ter amado Adjalme.

 

Com ele conheceu um novo sentimento e nunca o abandonou, por sempre acreditar nele: o amor!

 

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