“Escrever sobre mulheres lésbicas e bissexuais é um caso de urgência!”
A quarentena tem nos “presenteado” com grandes projetos online de diversos segmentos: literatura, música, vídeo e outros… Já era obvio que a cultura é extremamente necessária em nossos dias, mas em momentos como esse a certeza aumenta cada vez mais.
Sendo um refugio para muitas pessoas, a escrita e a leitura sempre foi uma ótima maneira de se expressar ou de aprofundar mais sobre determinado assunto e é exatamente isso que a estudante de Relações Internacionais Sofia Dolabela, de 20 anos tem feito durante esses dias.
Interessada por esse mundo (leitura e escrita) desde sempre e sonhando em publicar livros no futuro, ela decidiu criar um perfil no instagram em junho deste ano e, desde então, vem compartilhando regularmente minicontos, crônicas e poesias sobre mulheres que amam mulheres.
Sempre falei que, para mim, escrever não é um hobby, é uma questão de necessidade. Eu sempre senti que, se não colocasse o que estava pensando e sentindo para fora de mim na forma de palavras, poderia explodir
As publicações e as interações com os seguidores fez com que Sofia chegasse a uma conclusão: “Isso ainda ganhou um outro significado quando comecei a perceber o quanto mulheres que se relacionam com mulheres são sub-representadas na literatura. Nossas histórias simplesmente não são contadas – não porque elas não são interessantes ou válidas, mas porque sempre nos silenciaram.”
Foi a partir daí que veio o nome “em caso de urgência”, já que essas histórias precisam ser contadas, dando a devida representatividade, e não sendo escondidas como acontece na maioria das vezes. A estudante deixa claro que o seu principal objetivo com a página é “contribuir para a produção de uma literatura com representatividade, especificamente uma que diz respeito à inclusão de histórias sobre mulheres que amam mulheres.”.
Visto que maioria das histórias contadas hoje referenciam mais vivências de personagens héteros ou homossexuais formados por homens e não tanto com mulheres. A representatividade acontece, mas não de forma completa, como ela mesmo resgata em suas lembranças:
Eu tive contato com best-sellers que contavam a história de dois meninos que se amavam bem antes de conhecer um livro, por menos conhecido que fosse, que falasse sobre duas meninas.
Além disso, Sofia acredita que a ” diversidade não é representada de forma homogênea” e reflete sobre a importância do conteúdo que vem produzindo, já que muitas meninas podem se sentir representadas e lembradas em suas histórias. “Não há nada mais poderoso do que se identificar com uma história que está sendo contada”
Eu escrevo e publico histórias de mulheres que se amam porque eu gostaria de ter tido acesso à essas histórias quando era mais nova. Talvez, se tivesse tido, meu próprio processo de entendimento da minha sexualidade seria muito menos turbulento.
A representatividade de fato é algo muito importante e necessária – principalmente em um país que deixa claro todo o seu preconceito – e se ver representado de um jeito que retrate uma vida parecida com a sua pode fazer uma diferença positiva em sua vida. “A representatividade importa porque nos mostra que não estamos sozinhas, que é possível sim existir de uma outra maneira que não aquela que nos ensinam na nossa família, na nossa escola, na nossa Igreja.”
Acompanhe o seu trabalho perfil do instagram: @emcasodeurgencia