Uma grata surpresa literária! O livro O Fazedor de Velhos do escritor carioca Rodrigo Lacerda, é uma história leve, agradável de ler e que reúne vários elementos prontos para encantar o leitor.
O Fazedor de Velhos (2008) é um romance agraciado com os prêmios: Melhor Livro Juvenil da Biblioteca Nacional; Jabuti e da FNLIJ.
Se mesmo com esse título diferente, você nunca tenha ouvido falar, saiba que a obra é um romance dedicado ao público juvenil e cumpre muito bem o seu papel de entreter e formar leitores.
O livro conta a história do crescimento pessoal e intelectual de Pedro, um jovem que apesar de sua paixão pela literatura que o acompanha em diversos momentos de sua vida, em nada se difere dos demais jovens brasileiros e suas atividades diárias.
A esses momentos acrescentamos a presença misteriosa do senhor Nabuco, um professor de história recluso, famoso por ser uma fonte ambulante de conhecimento e por usar sua sabedoria para amadurecer pessoas, ajudando-as a compreender certas nuances da vida, e assim, fazendo-as velhas.
Pedro, o narrador da história, é franco e direto com leitor, apresentando detalhes e literalmente nos inserindo no seu dia a dia, compartilhando seus anseios desde a adolescência até a vida adulta. E é na vida adulta que ele passa por um momento de incerteza sobre o futuro e o curso (história) que escolheu. Para resolver esse problema, Pedro procura o professor Nabuco, famoso por suas sábias orientações.
“O professor tinha mesmo o poder de nos fazer pensar e de nos fazer sentir coisas estranhas. E conviver com ele dava mesmo a sensação de se estar mais velho.”
Apesar de não se conhecerem, Nabuco já se fez presente na história de Pedro em dois momentos marcantes: Na adolescência, após ser barrado em uma viagem de avião e em sua formatura no ensino médio. Agora terão que conviver diariamente, e essa convivência mudará para sempre a vida dos dois. Inclusive com direito a romance fofo entre Pedro e a afilhada do Nabuco, Mayumi.
O leitor tem privilégio de observar a construção dessa amizade entre um velho sábio e jovem desencantado que, pouco a pouco, com muito respeito, algumas “raivas”, diversos ensinamentos, vão arrebatando o leitor. A propósito dos ensinamentos, eles valem para o leitor de qualquer idade, e terão proveito em qualquer fase da vida.
“E pensava na amizade que havia surgido entre mim e o velho, tão excêntrica e importante. Um sentimento forte, um tipo de amor. A vida, por um momento, me pareceu igual a uma teia, cujos fios são ao mesmo tempo indestrutíveis e absolutamente delicados.”
A história de O Fazedor de Velhos é envolvente, a narração é tão denscomplicada e simples que ao final terminamos com a certeza de que qualquer dia podemos esbarrar com os personagens por aí.
A amizade e o autoconhecimento são o tema central da obra, contudo a literatura é o pano de fundo importantíssimo, com muitas citações e simplificações de livros clássicos, que entretém o leitor, e aguçam a curiosidade para conhecer obras que marcaram o personagem Pedro, como I-Juca Pirama de Eça de Queiroz ou Rei Lear de Willian Shakespeare.
Como um bom Fazedor de Velhos não poderia faltar os bons conselhos que só a vida e sabedoria da idade podem dar, entrelaçada em uma história de vida bem dia a dia, com gente nossa, mais que brasileira.
“Se eu pudesse dar um conselho a vocês, eu diria: não queiram nunca ser eternamente jovens; gostar de viver é gostar de sentir, e gostar de sentir é, necessariamente, gostar de envelhecer.”
O Fazedor de Velhos é uma leitura rápida, um livro pequeno, com letras grandes e diagramação confortável para a leitura.
Vale cada linha lida!
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Esta coluna é publicada invariavelmente as segundas, porque às vezes o livro é bem grande (rs)
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