A dica de leitura da semana é especial e diferente do que estamos acostumados aqui. Hoje apresento uma obra de dois escritores/pensadores brasileiros, que li recentemente e gostei bastante. Prometo que ainda vou indicá-los separadamente e contar um pouco da história de cada um como já é feito semanalmente.
Na lista dos livros mais vendidos de 2018, segundo o Publishnews, o livro O inferno somos nós: Do ódio à cultura de paz, traz um bate-papo agradável e singular, entre o filósofo Leandro Karnal e a Monja Coen acerca da promoção da cultura de paz no Brasil atual.
Na história recente do Brasil, nunca foi tão necessário insistir em uma cultura de paz. Vivemos uma epidemia de violência em todas as partes do país. Nunca se falou tanto em impunidade e corrupção. Todos sabemos, por exemplo, o Brasil que queremos, mas, infelizmente, quase ninguém entende que são as mudanças individuais que nos levarão ao paraíso, e que o inferno somos nós,
cada um de nós precisa mudar.
O momento sempre será oportuno. Sempre haverá um episódio para se dar de exemplo. Mas como chegar a essa mudança? Como instituir/incutir isso numa sociedade? Quem sabe por meio da leitura? Karnal e Coen, não propõe uma mudança de governo ou algo radical, a proposta vem de dentro, uma grande transformação individual e social. Por meio de um diálogo gostoso demais de se ler (dá até pra ouvir a voz deles em certos momentos), suas reflexões e teorias acerca da promoção de uma cultura de paz em uma sociedade. Você se sente como se tivesse a honra de sentar à mesa com os dois, apreciar esse encontro e refletir sobre os seus ensinamentos.
Leandro Karnal: “Uma cultura de paz é uma cultura de tolerância ativa, mas também é, acima de tudo, uma cultura de conhecimento de si”. (pág.56)
Monja Coen: “Para mim, só existe caminho para uma cultura de paz: o autoconhecimento. ” (pág.77)
Karnal e Coen traçam um panorama de onde se encaixaria uma cultura de paz e o porquê de não existir na sociedade brasileira. Falam sobre a importância do autoconhecimento, sobre o “não medo”, a inversão de valores, e o mal que está por trás de boas intenções. Há também uma breve explicação sobre as práticas zen-budistas (única parte chata do livro).
Os dois utilizam de fatos reais, acontecimentos que marcaram a história mundial e também suas próprias vidas e citações de personalidades para exemplificar e contextualizar suas ideias. É, sobretudo, um livro inteligente que nos proporciona um grande exercício de empatia.
Diferentemente da grande maioria de livros de autoajuda, “O inferno somos nós” é pequenininho, pouco mais de 100 páginas. No lugar da leitura maçante e rebuscada, temos aqui um texto leve, envolvente e até mesmo divertido. Não há uma imposição de ideal, os autores são extremamente gentis ao ofertar suas ideias e cabe a você a decisão final. Para aqueles que ainda tem preconceitos literários, sobretudo em relação aos livros com uma pegada de autoajuda, “O inferno somos nós” é a dica para erradicar esse pensamento.
“O inferno somos nós” é um lançamento da editora Papirus
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