Culturaliza Literatura Poesia

Poetiza BH: Aquarela

E se a poesia fosse suja
Nossa sujeira interna
Aquela que lavamos com sabedoria e razão
Do que fugimos
Em ordem
Cada coisa em seu lugar
Manhã acordada
Noite não vigília
Madrugada para bêbados
E de novo
No verão
Férias
Tempo de descanso
Aos altares
Preces que salvam
Retiram as impurezas
Retidão
Amor a dois
Dois passos do amor
Para além da poesia
E se fosse suja?
Limpemos as paredes
Cada cor fora de seu lugar
Borrachas que salvam
Podridão
Do resto
Lixo
Mas e as maquilagens
Ao teatro com essas cores
Nos muros
Só a consciência sagrada da divisão
Casa
Rua
Propriedades
Cercas
Cercados e limpos
Higienizados
E se a vida fosse suja?
Há vida sem poesia?
Mas e os bares?
Ruas que nos deixam pisar
Que nos deixam encontrar
Se houver previsão
Encontro não vai rolar
Enquanto balança a lata de spray
Escorre a vida em uma borrifada
Podem limpar
A poesia é suja
Subverte
Depois que sair da análise
Olhe os muros
Eles irão te alentar
Quem sabe anima a uma sujeira
Aquilo que faz o amor nascer
Posto que rasura
Antes de nós
Para além
Cheio de cores
Estamos aqui na primavera…

 

Fotografia e poesia: Bernardo Nogueira

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