Desde o fim de “La Casa de Papel” que não me interessava por séries. Não, mentira! Nesse meio tempo assisti à preciosa segunda temporada de “Anne With an E” e amei (aliás, você tem que ver! É linda, e a ruivinha protagonista culta e articulada discute temas muitos importantes para a sociedade). Mas outra série espanhola, que chegou fazendo o maior burburinho na Netflix, me chamou atenção nos últimos dias e decidi dar meu voto de confiança. Produzida pelo serviço de streaming e com alguns atores de “La Casa de Papel” no elenco, a primeira temporada de “Elite” (com oito episódios) é quente, ágil, misteriosa e viciante.
O seriado, uma mistura de “Gossip Girl” com “Rebelde” – digamos que seria uma versão mais jovem de “Big Little Lies” –, foca a vida de três jovens que ganharam uma bolsa para estudar em um instituto de extremo prestígio na Espanha, após o colapso sofrido em sua escola anterior. A chegada de Samuel, Nadia e Christian à nova instituição não será nada fácil, afinal os estudantes riquinhos e mesquinhos de lá não tornarão suas vidas as mais simples. Entre fofocas, humilhações, jogos de interesses e muito bullying, acontece algo mais grave: o assassinato de um dos adolescentes já aparece nas primeiras cenas do primeiro episódio e, entre flashbacks e depoimentos para a investigação da polícia (bem ao estilo “Um Plano Perfeito”), fica no ar aquela pergunta: quem será que matou a personagem principal?
Como todos pensam e falam sem ao menos ver um episódio, carregados de um certo preconceito, não se trata só de uma novelinha mexicana bem ao estilo “Rebelde”; os uniformes e a língua espanhola podem te confundir. “Elite” é muito mais do que isso…
Até o quarto episódio, realmente parece um dramalhão adolescente, com algum mistério ali nas entrelinhas. Mas, a partir daí, se prepare, porque você não conseguirá parar de ver. Você já terá se habituado aos personagens (ou melhor, todos eles já terão ganhado você), e as tramas começam a se cruzar de uma forma tão ágil e inteligente que te fazem grudar no sofá.
Na verdade, há até um excesso de informações, de intrigas e más intenções. Só no primeiro episódio, por exemplo, o espectador fica sabendo do crime, da vítima, do perfil dos novos alunos, dos veteranos e de suas famílias, da volta de um ex-presidiário, dos principais relacionamentos héteros e gays e até de que uma personagem é portadora do vírus HIV.
A intenção da trama não é direcionar a atenção para o crime em si, que até conduz muito bem a narrativa. É a picante rede de relacionamentos amorosos que vai te cativar. A pessoa que disser que não se interessa por uma boa trama regada a sexo, drogas, fofocas, discussões e violência – essa que é a infeliz base dos relacionamentos modernos – estará mentindo. Junte a isso esse choque entre classes que gera um turbilhão e que culmina em um assassinato a ser desvendado. Pronto, está explicado por que eu assisti à série todinha num fim de semana, e você está correndo para ir ver também!