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Espetáculo “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues

Em março, desembarca na capital mineira o espetáculo “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues, um lendário bicheiro carioca, figura temida e megalomaníaca, que carrega o nome de Boca de Ouro, é assassinado e tem o seu passado vasculhado por um repórter. A fonte da investigação é dona Guigui, ex-amante do contraventor, mulher que, ao longo da peça, revela diferentes e contraditórias versões do bicheiro. Este é o mote da tragédia carioca “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues, escrita em 1959, cujo papel-título é vivido por Malvino Salvador, na montagem de Gabriel Villela, e que chega a Belo Horizonte.

 

O espetáculo ainda tem em seu elenco Mel Lisboa e Claudio Fontana, Lavínia Pannunzio, Leonardo Ventura e Chico Carvalho, além de Cacá Toledo e Guilherme Bueno, Jonatan Harold e Mariana Elisabetsky, interpretando as 14 canções do espetáculo. Canções típicas das gafieiras mais tradicionais do país abre a versão de Gabriel Villela para a tragédia carioca de Nelson Rodrigues. Usando confetes, serpentinas e máscaras, o diretor, responsável também pela cenografia e figurinos, cria uma encenação com aura de carnaval, embalada por 14 grandes sucessos que vão de Dalva de Oliveira, Herivelto Martins, Ary Barroso, Ataulfo Alves, Lupicínio Rodrigues a João Bosco, entre outros.

 

Na trama, Boca de Ouro (Malvino Salvador) é um lendário bicheiro carioca, figura temida e megalomaníaca, que tem esse apelido porque trocou todos os dentes por uma dentadura de ouro, após ser assassinado, seu passado é vasculhado pelo repórter Caveirinha (Chico Carvalho) – personagem que carrega em si o olhar afiado e crítico de Nelson Rodrigues – jornalista que durante anos trabalhou em redações e conhece os vícios e contradições da imprensa. Caveirinha vai atrás de Guigui (Lavínia Pannunzio) e lá ouve a versão da ex-amante de Boca, que desanca o bicheiro. Ao saber de seu assassinato, Guigui se arrepende e exalta Boca como uma figura amorosa. Já no terceiro ato, Guigui volta a desancar o bicheiro, pois teme ser abandonada pelo marido Agenor (Leonardo Ventura). Nas três versões relatadas, surge o casal Celeste (Mel Lisboa) e Leleco (Claudio Fontana), que tem relação direta com o assassinato de Boca de Ouro.

 

Toda essa contradição da personagem Guigui para a morte de Boca de Ouro levaram Gabriel Villela a fazer conexões com uma pesquisa recente da universidade de Harvard, sobre um fenômeno contemporâneo chamado “pós-verdade”. “É um produto da modernidade tecnológica: você inventa uma história, realinha ideias, publica, arruma vários seguidores e isso se amplia, viraliza na internet e ninguém mais sabe sobre o que se está falando. Somos todos vítimas disso. A Guigui é insuperável – com três expedientes emocionais e psíquicos, ela conta três vezes a mesma história, embaralhando com maestria para que tudo seja incrivelmente verdadeiro”, diz Gabriel Villela.

 

Esta é o terceiro texto de Nelson Rodrigues encenado por Gabriel Villela, que em 1994 montou A Falecida, com Maria Padilha no papel título, e em 2009 Vestido de Noiva, protagonizado por Leandra Leal, Marcello Antony e Vera Zimmerman. 

 

 Abaixo informações sobre o espetáculo:

 

Espetáculo “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues

 

Quando: 17 e 18 de março

Horas: sábado, às 21h | domingo, às 19h 

Onde: Grande Teatro do Palácio das Artes

Quanto: Plateias I e II – R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia entrada)| Plateia III – R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia entrada)

Ingressos à venda nas bilheterias do teatro ou pelo site www.ingressorapido.com.br  

 

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Joseane Santos
Canceriana do coração apaixonado, amante da boa música, atleticana no corpo e na alma, mineirinha do interior que encontrou na capital seu lugar no mundo.