A dica da semana é bem mineira. Escritor é da cidade de Santana do Riacho e a história do livro se passa na histórica Serro. J Cláuver é um apaixonado pela leitura, que em 2009, transformou seu lazer em trabalho quando lançou seu primeiro livro “A FARSA”, nossa dica de hoje. Ele já tem 5 livros publicados, vários contos e novos romances por vir.
Eu poderia dizer que “A Farsa” conta a história de um promotor recém empossado no cargo que chega a uma cidade pequena do interior de Minas e depois de um período de calmaria se depara com o maior desafio da sua vida, um dos poderosos da região assassina a esposa brutalmente. O crime abala as estruturas da cidade, já que o fazendeiro Joaquim Frei é conhecido pela prática de várias atrocidades que até então tinham ficado impunes. Mas o livro é tão recheado de causos que o personagem principal, Doutor Quintanilha, em alguns momentos passa despercebido e até mesmo irrelevante diante da riqueza dos detalhes e da força das histórias secundárias. A trama envolve poder, traição, pecado (até com um famoso padre da região) e muito humor, que fica por conta da descrição dos trejeitos, ações e conversas dos moradores da cidade do Serro, que poderia ser Medina (minha cidade), Jequitinhonha, Diamantina ou qualquer outra do nosso interior mineiro. Essa mineiridade da trama é cativante. A medida em que vai desvendando os mistérios do romance, Cláuver insere o leitor no dia a dia daquela pequena cidade, você faz parte da história, consegue identificar personagens típicos de Minas.
O livro não é daqueles de se ler em qualquer lugar, como no ônibus, por exemplo. A escrita, apesar de estar à moda do mineiro, é recheada de palavras rebuscadas que me fez recorrer ao dicionário várias vezes em busca da compreensão. É uma trama envolvente e histórica. Temos acesso a vida da sociedade mineira da época, aos fatos políticos que marcaram Minas e o Brasil. A principal crítica vai para a editora. O livro não é dividido em capítulos, usa-se apenas um X para separar os intervalos da história. Isso faz com que o leitor perca o controle da leitura e a referência de tamanho do livro. Esse “X” me incomodou bastante. Também senti falta da sinopse do livro na contracapa, já que a capa, apesar de não trazer muitos atrativos, acaba se tornando interessante no transcorrer da história. Sem a sinopse, o leitor que vai a uma livraria com a simples pretensão de comprar um livro qualquer, não vai se interessar (não julgue um livro pela capa) pela “Farsa” sem saber do que se trata a história.
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