Marcados pelo tempo apresenta ao mundo o talento da jovem escritora mineira Bruna Rezende.
Bruna é jornalista e está no comando de um dos principais (e poucos) programas de rádio, dedicados à literatura no Brasil, o Marca Páginas. Nele, o ouvinte aprecia entrevistas com autores, agentes que promovem a literatura em Minas, divulgação de eventos literários, entre outros assuntos do universo. Já participou de antologias poéticas, sendo Marcados Pelo Tempo seu primeiro livro físico publicado.
A leitura dele me lembrou muito aqueles filmes água com açúcar (clichê que reclamamos, mas não deixamos de assistir) exibidos diariamente na Sessão da Tarde. Em poucos minutos você desfruta de uma história tocante, ao mesmo tempo leve e com final feliz — tudo o que precisamos nestes tempos sombrios que estamos vivendo.
Trata-se de um recomeço para a protagonista Fernanda, que sai de BH para Teresópolis, a fim de estudar e realizar o sonho de ser bióloga que compartilhou durante anos com o falecido pai. Ainda abalada pela morte do pai e com o coração triste por deixar sua mãe e seu irmãozinho na capital mineira, ela encara o desafio que promete muitas surpresas.
Com um tom bem rotineiro e íntimo, de pessoas normais seguindo suas vidas, vamos com Fernanda fazer novas amizades e conhecer um amor de cinema (algo que ela sempre sonhou). Porém, como não estamos em um conto de fadas, as coincidências da vida real podem ser mais avassaladoras que muitos seres mágicos, e as marcas reais do tempo também têm suas consequências — muitas vezes irremediáveis.
Gostei do ambiente da faculdade (descontraído e aconchegante), da sororidade das meninas, embora tenha passado a leitura inteira com um pé atrás com a Antonella, e da amizade do Jean com o Marcelo, que aliás é homem negro — algo raro em romances chick-lit. A reviravolta me surpreendeu demais, mas a falta de ação dos jovens (ainda mais brasileiros) me decepcionou um pouco. Era um problema que poderia facilmente ser solucionado com uma mensagem de WhatsApp, mas OK! Se fosse assim, não teríamos o clímax né?
A leitura é rápida, os diálogos são curtos (às vezes deixam o leitor com vontade de saber mais), e tem poucas descrições dos cenários, embora a autora tenha caprichado ao exibir detalhes de pontos turísticos da cidade carioca (despertando fortemente a vontade de conhecer).
A história transcorre rapidamente e se resolve sem deixar pontas soltas. Porém, senti falta de mais momentos do casal Fercelo. O amor dos dois merecia mais algumas páginas e demonstrações de carinho, e nesse ponto as passagens de tempo prejudicaram a química e uma certa identificação com os personagens.
Marcados pelo tempo é uma história nacional, com personagens bem próximos da nossa realidade, e marcante de amor e libertação. É um publicação da Editora Lesto.
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