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Musical Bem Sertanejo emociona o público em sua passagem por BH

Como sempre, a apresentação musical do Bem Sertanejo não decepcionou em nada – pelo contrário: me emocionou exatamente como da primeira vez que vi, há 2 anos, no Minascentro.

 
A apresentação, que ocorreu na última sexta e sábado (17 e 18/05), no KM de Vantagens Hall, contou desde os primórdios do sertanejo, passando pelos tropeiros e boiadeiros, até os dias atuais. No meio do caminho, muito humor e uma química evidente neste elenco, que nos prende totalmente a atenção do inicio ao fim. Há quem pense que o artista Michel Teló pode acabar “apagando” o elenco – e estão totalmente enganados. Os atores dão um banho de talento e nos fazem esquecer, por algum tempo, que ali no meio está um dos fenômenos do sertanejo atual. 
 
 
Foto: Bruna Manetta

O musical evidencia figuras importantíssimas nessa história – uma delas, Cornélio Pires, considerado um dos grandes nomes da cultura caipira e o percursor da música sertaneja – de forma leve e descontraída. A cena em que Cornélio é apresentado ao público faz uma clara referência a história do sertanejo, onde aponta que as primeiras músicas, consideradas caipira nessa época, surgiram através de apresentações teatrais que saíram em caravana pelo interior dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.
 
Mas não é somente isso: crenças religiosas, as dificuldades da migração da vida de quem era caipira e se viu obrigado a largar o campo para tentar a vida na cidade grande, o rodeio, o circo e a importância do rádio também são contados na história. Inclusive, o cenário musical das décadas de 60, 70, 80, com o sucesso do Rock, Disco e a consagrada Jovem Guarda é abordado e nos ajuda a compreender as alterações que o sertanejo sofreu na época – como a inserção da guitarra e outros novos instrumentos naquele estilo – mas, ainda assim, disputava espaço com grandes artistas de outros estilos da época. O projeto AMIGOS, composto por Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano e Leandro e Leonardo é homenageado e faz qualquer fã desse estilo sentir saudade desses shows que rolaram a mais de 20 anos atrás.
 
 
Diversão, cultura, história e uma pitada de romance transformam o Bem Sertanejo numa apresentação rica e agregadora. Musicais como esse são importantíssimos para valorizar a nossa cultura, e manter na memória a nossa raiz. Já dizia Tião Carreiro e Pardinho: Quem não gosta de viola, Brasileiro bom não é!
 
 
 
 

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Júlia Martins
Belorizontina, atleticana e Relações Públicas. Embora pareça rockeira e gótica trevosa, é adepta de variados estilos musicais e não confia em quem não sofre ouvindo Belo e nem em quem não dança quando toca É o Tchan. Está acompanhando a evolução da internet desde a época do ICQ, do qual morre de saudades. Facilmente encontrada cantando Anitta ou sucessos antigos nos karaokês da cidade.