Calango é um projeto dos quadrinistas Cristiano Seixas e Eduardo Pansica. Cristiano aliás, é um dos fundadores da Casa dos Quadrinhos em BH, uma escola que forma desenhistas e quadrinistas há pelo menos 20 anos.
O projeto de Calango começou despretensiosamente como um Zine, aquelas publicações simples, parecidas com os Cordéis, geralmente feitas em fotocópias e impressas manualmente e por meio do Catarse se tornou um projeto incrível.
Conheça aqui um vídeo de apresentação do projeto.
Calango é uma revista em quadrinho que conta a história de uma menininha sem nome, apesar de no final ele ser revelado, que precisa sobreviver a um cenário apocalíptico com a sua avó e o seu bichinho de estimação, um calango. De repente ela está na casa da avó tomando um sossegado café da manhã e tudo muda de uma maneira espetacular.
É um quadrinho feminista, com mulheres fortes, incluindo as vilãs. A protagonista negra, cabelo cacheado, guerreira, que luta pela sobrevivência com garra, sem deixar de lado o amor ao próximo.
Com poucos diálogos e ilustrações que te fazem ficar alguns segundos observando, admirando e até mesmo sentindo o pulsar de cada cena, Calango acerta em tudo. A única crítica é que ela acaba no ápice da trama e em pouco mais de 40 páginas. Mas é pra isso que já temos uma continuação.
A trama é tão instigante que não segue uma sequência linear, mas os fatos culminarão sempre na sobrevivência dela. Dando aquela impressão de que ele vai acordar a qualquer momento e voltar para aquele dia fofo na cozinha com a avó, comendo rosquinhas e brincando com seu animalzinho de estimação.
O cenário semiárido, que remete ao sertão brasileiro é muito bem feito e apropriado. Os personagens seguem os traços da nossa gente. A linguagem é simples e atual.
É um quadrinho com muita violência, sangue, morte, mas também amor, ternura e amizade.
Ao final os autores revelam alguns segredos preciosos dos bastidores da criação da revista, como a criação dos layouts e a escolha de cores.
Vale muito a pena a leitura!
Gosta de quadrinhos? Conheça um pouquinho do trabalho das quadrinistas Rebeca Prado e Virgínia Froes.
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Esta coluna é publicada invariavelmente as segundas, porque às vezes o livro é bem grande (rs)
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