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Capitã Marvel: Uma super-heroína que ganhou meu coração

Toda vez que estreia um filme de super-heróis no cinema, eu falo a mesma coisa: “Não é o meu estilo preferido”. Mas eu acabo vendo todos (tá bom, nem todos… Não dá pra assistir “Homem Formiga e a Vespa”, por exemplo). A verdade é que eu sigo todas as histórias, seja da Marvel, da DC Comics, da linha X-Men, os Vingadores, a Liga da Justiça, todos os Homens-Aranha, até mesmo as Tartarugas Ninja. Enfim, eu acho muito legal a evolução que as produções de super-heróis tiveram ao longo dos anos e, tratando-se de filme de ação e de efeitos especiais, não existe melhor opção. E quando chega alguma novidade às telonas, não sou o fanático que compra ingresso antecipado ou vai até mesmo em pré-estreias. Deixo passar um pouco a febre inicial do lançamento e, só assim, vou tranquilo ao cinema.
 
 
Foi o que fiz no último fim de semana. Assisti à mais nova superprodução do Universo Cinematográfico Marvel sem os holofotes da estreia. E, após as duas horas de “Capitã Marvel”, dos diretores Anna Boden e Ryan Fleck, saí da sessão feliz. O primeiro filme solo de uma super-heroína da Marvel, que é o último degrau antes de “Vingadores: Ultimato”, é basicamente uma história de origem. É como se fosse um flashback gigantesco daquela cena pós-créditos de “Vingadores: Guerra Infinita”, em que Nick Fury (Samuel L. Jackson) envia uma mensagem ao pager de uma heroína até então desconhecida do mundo do cinema. Um filme morno, sem muitas estripulias ou cenas de luta e de ação muito impressionantes, porém, bem seguro e redondo. Um longa sobre raízes, bem humano. Assim, é contada toda a história de Carol Danvers (interpretada pela carismática Brie Larson, que levou o Oscar de melhor atriz em 2016, por “O Quarto de Jack”) e, logo depois que o filme acaba, já devolve toda a expectativa para o próximo dos Vingadores, em abril, em que ela estará presente, claro. 
 
 
Na história, Carol Danvers (Ou Vers) é uma ex-piloto da Força Aérea norte-americana, que, sem se lembrar de sua vida na Terra, é recrutada pelos Kree para fazer parte de seu exército de elite. Inimiga declarada dos Skrull, ela acaba voltando ao seu planeta de origem para impedir uma invasão dos metaformos e, assim, vai acabar descobrindo a verdade sobre si, com a ajuda do agente Nick Fury e da gata Goose. Inclusive, esses dois personagens são o respiro cômico do filme, que a Marvel tanto ama – e nós também. Os recursos de flashback são muito bem empregados, e as referências à cultura pop dos anos 90 são adoráveis e frequentes. Da saudosa locadora Blockbuster em que ela cai ao chegar novamente à Terra ao pinball de Space Invaders e Street Fighter, passando pela mesa de pebolim, jukebox, câmera de vídeo VHS, pelos bonecos Trolls tão presentes em “Guardiões da Galáxia” e, é claro, pela lancheira da série “Happy Days”, tudo é muito bem caracterizado e saudosista – o que deixa a produção ainda mais atraente. A trilha também é nostálgica, com direito a Nirvana, No Doubt e Garbage. Mas o que mais me encantou foram as significativas viradas que o filme dá. Eu amo reviravoltas inesperadas, e acontecem pelo menos duas grandes viradas no filme.
 
 
Dentro de todo esse pacotão de referências divertidas da Marvel, não tem como não citar a real importância de um filme desse calibre para o mundo. Assim como “Mulher-Maravilha” de Gal Gadot, que é o primeiro filme solo de uma super-heroína da DC, “Capitã Marvel” traz uma importante narrativa feminina para a tela. Por mais que esse da Marvel não seja tão engajado e feminista quanto o da concorrente, mais uma super-heroína aparece em voga e com direito a todos os holofotes. Mais uma referência para tantas meninas, uma personagem-símbolo com potencial para ser exemplo para milhões de garotas mundo afora, e com uma lição considerável e respeitável: é preciso cair diversas vezes para se levantar ainda mais forte e obstinado e, assim, se transformar na melhor versão de si mesmo. Uma lição intimista de uma super-heroína que ganhou meu coração, que não precisa se autoafirmar para os outros, mas para si mesma, e que reforça a importância da diversidade até mesmo no mundo dos quadrinhos e do cinema. “Não é o meu estilo preferido”, mas eu não vejo a hora de assistir ao próximo.
 
 
 
 

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Luiz Cabral
Palpiteiro de plantão, Cabral é, atualmente, responsável pelas colunas SuperDicas (@superdicasbh), com sugestões de gastronomia e diversão na capital; Nossas Histórias, com textos de cotidiano e comportamento; e Luiz, Câmera, Ação – www.luizcameraacao.com, com indicações de filmes e reflexões sobre o que a magia do cinema faz nas nossas vidas. A sétima arte, inclusive, é a sua maior paixão. Aqui neste espaço ele vai narrar, com sensibilidade e crítica, como um filme pode ser muito mais que duas horas de diversão na poltrona do cinema.